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Mundo Eleições na Argentina serão teste de sobrevivência política para ex-presidente, escanteado pelo governo que ajudou a eleger

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Mauricio Macri (D) foi escanteado pelo governo que ajudou a eleger. (Foto: Reprodução)

Acabaram os bifes à milanesa. Essa foi a maneira curiosa com a qual o ex-presidente da Argentina Mauricio Macri (2015-2019) admitiu que sua relação com o atual chefe de Estado, Javier Milei — a quem ajudou a vencer as eleições presidenciais de 2023 — está em crise, talvez terminal. Os argentinos adoram usar expressões que somente eles entendem, e Macri, que até o fim do ano passado era convidado por Milei para jantar o clássico prato argentino na residência oficial de Olivos, recorreu a essa mania nacional para falar abertamente sobre uma briga que tem como pano de fundo a disputa pelo eleitorado de direita e extrema direita do país.

A ruptura entre os dois era previsível. O presidente argentino precisou dos votos do partido de Macri, o Proposta Republicana (Pro), para vencer o segundo turno das presidenciais de 2023. Naquele momento, foi selado um acordo essencial para Milei, cujo partido, A Liberdade Avança, não tinha estrutura nacional para enfrentar o peronista Sergio Massa. Macri não impôs condições, acreditando, segundo contam seus colaboradores em conversas informais, que “Milei precisaria dele para governar”.

Mas Milei formou um Gabinete com apenas oito ministros, dos quais somente um, Luis Caputo, à frente da pasta da Economia, poderia ser considerado ligado a Macri por sua participação no governo do ex-presidente. A realidade é que Macri foi escanteado e, desde então, tenta encontrar maneiras de se tornar relevante num cenário político no qual Milei é dominante, e diante de uma oposição fragmentada e enfraquecida.

Desde que Milei assumiu o poder, em dezembro de 2023, os votos do Pro foram cruciais para aprovar projetos de lei que são pilares do governo. Muitos imaginaram que, quando chegasse o momento de selar alianças para as eleições legislativas que serão realizadas ao longo deste ano, os partidos do presidente e do ex-presidente chegariam a um novo entendimento, já que, juntos, representam o eleitorado de direita e extrema direita argentinos. Porém, a estratégia de Milei tem sido, até agora, desafiar Macri e buscar que as legislativas de 2024 ampliem a presença de seu partido no Parlamento, nas assembleias legislativas regionais e, ao mesmo tempo, o consolidem como o principal representante da direita nacional.

Primeiro round

A primeira batalha será a eleição para a Assembleia Legislativa da capital federal, no próximo dia 18 de maio. Numa jogada que buscou fortalecer o partido de Macri, o chefe de governo da cidade, Jorge Macri, primo do ex-presidente, antecipou o pleito local para dar mais força a seus candidatos e, em contrapartida, enfraquecer os do partido governista.

O Pro governa a cidade de Buenos Aires desde 2007, e realizar a eleição local junto com a nacional poderia ajudar os candidatos de Milei — que teriam o impulso da campanha e do próprio presidente. Com a nova data, o governo teve menos tempo para se preparar, e o Pro de Macri confia em manter a lealdade de seus eleitores.

O raciocínio de Milei, explica um dirigente que frequenta a Casa Rosada, é simples: “o verdadeiro rival de Milei é Macri, e o presidente quer eliminá-lo do mapa político argentino”.

“Para o presidente, Cristina Kirchner é quase um cadáver político e poderia, inclusive, ser condenada à prisão domiciliar este ano. É conveniente para Milei brigar com Cristina, mas ela não representa uma ameaça”, explicou.

Peronismo

Para Andrés Malamud, analista político argentino e pesquisador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, a eleição na capital federal definirá “o tamanho da força de Milei e da fraqueza de Macri, mesmo que o partido do presidente consiga um bom resultado”.

O mais provável é que, graças à fragmentação da direita, o peronismo fique em primeiro lugar. A grande questão é quem ficará em segundo. O escolhido para enfrentar essa primeira batalha foi o porta-voz do governo, Manuel Adorni, principal candidato do partido governista na capital.

“Hoje, metade do partido de Macri já está com Milei. O ex-presidente só conseguiria reverter essa tendência se o programa econômico e, portanto, o governo de Milei fracassasse”, aponta Malamud.

Segundo o analista, a grande estrategista do governo é Karina Milei, irmã do presidente:

“Ela acredita, com razão, que a grande maioria dos eleitores do Pro já está apoiando o governo. Portanto, para que fazer uma aliança com Macri? Macri está lutando pela sua sobrevivência”.

Segundo o professor e pesquisador da Universidade de San Andrés, Diego Reynoso, Karina acredita que este é o momento de engolir o partido de Macri. “A eleição deste ano será um plebiscito do governo de Milei, e tudo indica que o governo conseguirá ampliar sua presença no Parlamento. Milei continuará precisando de aliados, mas poderá passar a ser o líder da direita argentina”, enfatizou.

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