Quinta-feira, 24 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 14 de abril de 2025
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nessa segunda-feira (14) uma vacina contra chikungunya no Brasil. O imunizante poderá ser aplicado em pessoas a partir dos 18 anos de idade. O pedido havia sido encaminhado pelo Instituto Butantan, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, em parceria com a Valneva, empresa farmacêutica franco-austríaca.
Esta é a primeira vacina autorizada contra a doença, que pode causar dor crônica nas articulações e afetou 620 mil pessoas no mundo só em 2024. Os países com mais casos da doença são Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia.
O mesmo imunizante contra a chikungunya já recebeu aprovação nos Estados Unidos e na União Europeia. A vacina foi avaliada nos Estados Unidos em 4 mil voluntários de 18 a 65 anos, tendo apresentado um bom perfil de segurança e alta imunogenicidade (ou seja, grande capacidade de produzir anticorpos contra a infecção).
De acordo com resultados do estudo-clínico publicado na revista científica The Lancet, 98,9% dos participantes do ensaio clínico produziram anticorpos neutralizantes, com níveis que se mantiveram robustos por ao menos seis meses.
De acordo com o Instituto Butantan, o parecer favorável da Anvisa representa um importante passo na aprovação de uma segunda versão do imunizante, que já está em análise pela agência reguladora brasileira. As duas vacinas têm a mesma composição, mas uma delas terá etapas de fabricação brasileiras, com Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), o principal componente da vacina, internacional. Com esse “capítulo” brasileiro na linha de produção, os custos do antígeno devem baixar, o que facilita a inclusão do imunizante no calendário de vacinação brasileiro.
“Escolhemos fazer desse modo (com dois pedidos de registro) para abrir o caminho regulatório. Todos já estão submetidos, é possível que até o meio do ano já tenha (a aprovação) da vacina liofilizada e finalizada no Brasil. Estamos esperando o parecer da agência”, afirmou ao jornal O Globo o diretor do Butantan, Esper Kallás. “Essa etapa é importante porque a forma que a vacina é apresentada agora ainda há custos adicionais que são elevados e queremos melhorar.”
No estudo clínico de fase 3 feito com adolescentes brasileiros, publicado na The Lancet Infectious Diseases em setembro de 2024, após uma dose da vacina, foi observada presença de anticorpos neutralizantes em 100% dos voluntários com infecção prévia e em 98,8% daqueles sem contato anterior com o vírus.
A proteção foi mantida em 99,1% dos jovens após seis meses. A maioria dos eventos adversos registrados após a vacinação foi leve ou moderada, sendo os mais relatados dor de cabeça, dor no corpo, fadiga e febre, informou a instituição em comunicado.
Após a aprovação do registro da vacina, o Ministério da Saúde informou nessa segunda-feira que vai solicitar a sua incorporação no Sistema Único de Saúde (SUS). O pedido será encaminhado à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) “pra adoção das medidas imediatas necessárias para dar seguimento à avaliação da oferta do novo imunizante na rede pública de saúde”.
A expectativa é que, uma vez aprovada, e com capacidade produtiva, a vacina seja incorporada ao calendário nacional de vacinação, fortalecendo as ações de combate à doença no Brasil. As informações são do jornal O Globo.