Segunda-feira, 21 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 20 de abril de 2025
O que The Economist disse, com muita delicadeza e cuidado em cada palavra, mas sem qualquer dúvida para o bom, ou mesmo médio, entendedor, é que o ex-presidente Jair Bolsonaro não vai ter um julgamento imparcial no processo que o STF promove contra ele. Não dá, realmente, para se dizer que The Economist é bolsonarista, como se diz automaticamente de quem afirma a mesma coisa aqui no Brasil – Bolsonaro, ao contrário, é uma bête noîre definitiva no seu elenco de maus elementos mundiais. A conclusão é que o STF, enfim, se vê exposto perante o mundo como aquilo que de fato é: um não-tribunal que se deu poderes totalitários, opera como uma facção política e tornou-se incapaz de fornecer justiça.
Era pouco provável, naturalmente, que o STF continuasse a fazer tudo o que tem feito nos últimos anos sem que ninguém no mundo percebesse, um dia. É o flagrante perpétuo, a prisão provisória por tempo indeterminado e o julgamento dos réus em lotes. É a anulação de todos os processos de corrupção. É o inquérito policial que continua aberto há seis anos. É a defesa por vídeo. É a nomeação para uma cadeira no tribunal do advogado pessoal do presidente da República. É o julgamento de Bolsonaro por uma câmara de cinco juízes, e não pelo plenário. É o traficante búlgaro que ganha a proteção do STF por caprichos de vingança de Alexandre de Moraes. É muito mais ainda.
Não existe nada parecido com isso em qualquer sociedade civilizada do planeta. Na verdade, só no Brasil vigora a ficção de que o STF cumpre a lei, que não há nada de anormal em condenar a 17 anos de cadeia pessoas que participaram de um quebra-quebra e que houve uma tentativa de golpe armado em que a armas eram estilingues, bolas de gude e um batom, no papel de “substância inflamável”. O que há, no mundo real, é uma fratura que vai ficar cada vez mais exposta até a hora do julgamento. Terão de ser exibidas em juízo as provas do golpe do STF – e aí sim, The Economist vai ver o que é a justiça brasileira. As informações são do portal Estadão.