Sexta-feira, 25 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 24 de abril de 2025
A megaoperação da Polícia Federal (PF) contra um esquema de descontos ilegais – que somam 6,3 bilhões de reais – de benefícios de aposentados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) realizada na quarta-feira (24) se tornou uma arma da oposição contra o governo Lula.
Opositores de destaque nas redes sociais como os senadores Sérgio Moro (União), Flávio Bolsonaro (PL) e Rogério Marinho (PL) e o deputado Nikolas Ferreira (PL) postaram críticas ao esquema de corrupção e apontaram falhas da gestão Lula. O assunto também ganhou tração entre perfis menos conhecidos da direita.
Na quarta-feira, logo após a eclosão do escândalo, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, apesar de não ser alvo da operação, assumiu a “inteira responsabilidade” pela indicação do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que foi demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a operação da PF.
Entre as críticas da oposição, parlamentares relacionaram o caso do INSS a escândalos de corrupção de governos anteriores do PT e argumentaram que o partido não aprendeu nada com os erros do passado. Os oposicionistas ignoraram, no entanto, o fato de as irregularidades detectadas pelo Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal terem começado em 2019, primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, e seguiram até 2024, segundo ano do governo Lula.
“As investigações identificaram a existência de irregularidades relacionadas aos descontos de mensalidades associativas aplicados sobre os benefícios previdenciários, principalmente aposentadorias e pensões, concedidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social”, disse a PF.
Os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa, passiva, violação de sigilo funcional, falsificação de documento, organização criminosa e lavagem de capitais.
“Hoje foi revelado um escândalo envolvendo o desconto indevido de R$ 6,3 bilhões dos benefícios de aposentados e pensionistas do INSS. Milhares de brasileiros tiveram valores descontados sem autorização, com uso de assinaturas falsificadas e a participação direta de sindicatos. Um dos sindicatos investigados tem como vice-presidente o irmão do presidente Lula. Deve ser só coincidência… ou talvez um dom familiar. Vou apresentar um requerimento de informações e também convocar o Ministro da Previdência para comparecer à Comissão de Fiscalização da Câmara. Ele terá que explicar como esse esquema se manteve por tanto tempo e quais medidas serão adotadas para responsabilizar os envolvidos”, escreveu Nikolas Ferreira em suas redes sociais.
“As fraudes contra os aposentados do INSS, que foram estimadas em 6 bilhões de reais, comprovam em definitivo que o Governo Lula não precisa importar criminosos do Peru”, declarou Sérgio Moro.
Em discursos no Plenário da Câmara, deputados criticaram a atuação do INSS, que foi alvo de operação da Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (23) por desvios que ocorreram entre 2019 e 2024 e podem somar até R$ 6,3 bilhões.
Segundo as investigações da PF, os envolvidos no esquema de fraudes cobravam mensalidades indevidas, descontadas diretamente dos benefícios de aposentados e pensionistas, sem autorização. Até agora, seis servidores públicos foram afastados, incluindo o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.
O líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou que a investigação deve incluir todos os envolvidos, independente do ano em que as fraudes tenham ocorrido. “Isso é um absurdo, seja do ano que for, tem de se passar tudo a limpo”, disse.
Para o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), o esquema é um “escândalo tremendo” e precisa ser investigado. “Há investigações da Polícia Federal, com 211 mandados judiciais de persecução em curso, para se desvendar todo esse esquemão, que começou em 2019. O então presidente do INSS, Renato Rodrigues, teve o mesmo destino do atual presidente [Alessandro Stefanutto]. Eles saíram da presidência para que tudo seja apurado em profundidade”, afirmou.
O deputado Pedro Aihara (PRD-MG) disse que já tinha recebido denúncias desse esquema em seu gabinete e tinha repassado para investigação. “É muito dinheiro. É dinheiro de gente que precisa desse valor para comprar o seu remédio, pagar o seu aluguel, ter uma condição mínima de dignidade. Infelizmente, isso não está acontecendo devido a esse desconto inescrupuloso, não autorizado, criminoso”, declarou.
Segundo o deputado Sidney Leite (PSD-AM), a operação demonstra que o INSS precisa mudar sua gestão. “É inaceitável que uma pessoa se aposente hoje e que amanhã esteja recebendo oferta de banco para fazer consignado. Isso é estranho, é anormal, isso não é certo. Ou seja, há um conluio de quem está no INSS para com bancos e para com essas associações”, afirmou.
O líder do PT, deputado Lindbergh Farias (RJ), lembrou que o escândalo começou em 2019, segundo a PF. “Quem era o presidente da República? Em 2023, Lula é eleito e coloca Vinícius de Carvalho como ministro da CGU [Controladoria-Geral da União], começa uma investigação sigilosa e aciona a PF que desbaratou o esquema”, explicou.
Por conta da operação, o governo federal suspendeu todos os acordos de cooperação técnica que permitem que organizações da sociedade civil cobrem, de aposentados e pensionistas, mensalidades associativas descontadas diretamente dos benefícios pagos pelo INSS.