Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 6 de março de 2016
Autoridades dos Estados Unidos divulgaram um segundo lote de documentos encontrados durante a operação que, cinco anos atrás, resultou na morte do líder extremista muçulmano Osama Bin Laden, no Paquistão. Um total de 115 documentos já foi liberado, incluindo o testamento do ex-líder da Al-Qaeda. Alguns dos registros mostram que Bin Laden estava preocupado com a possibilidade de ser rastreado eletronicamente. Eis algumas revelações desses documentos.
“Obedeçam minha vontade.”
Bin Laden deixou uma fortuna de 29 milhões de dólares, e seu testamento pedia aos parentes que respeitassem seu desejo de que o dinheiro fosse usado para financiar operações extremistas. Ele deu a entender no testamento que o dinheiro estaria no Sudão, mas não ficou claro se em espécie ou em ativos, como imóveis. O extremista saudita viveu no Sudão por cinco anos na década de 1990, abrigado pelo governo do país africano. No testamento, Bin Laden deixou instruções para que somas em dinheiro fossem deixadas para dois homens e vários parentes. Mas não se sabe se o dinheiro chegou aos herdeiros.
Briga com antecessores do Estado Islâmico.
Diversos documentos mostram um longo desentendimento com a “filial” iraquiana da Al-Qaeda, que posteriormente se transformaria no grupo autodenominado Estado Islâmico. Bin Laden se opunha ao uso de decapitações e outros tipos de brutalidade que o grupo utilizava. “Não devemos deixar que a guerra nos sobrecarregue com sua atmosfera, condições, ódios e vinganças”, disse o extremista, que também se opunha à intenção de declarar um califado, por acreditar que a ideia não tinha apoio popular suficiente.
Batalha pelo comando da Al-Qaeda.
Os documentos mostram que Bin Laden, vivendo escondido desde os ataques dos EUA ao Afeganistão, no final de 2001, travava uma batalha pelo controle da Al-Qaeda. Uma troca de correspondências revela tentativa de fazer com que a organização tivesse uma estrutura unificada de administração. Os documentos também incluem pedidos do extremista a militantes baseados no Iêmen para que atacassem aviões de companhias americanas.
Celebração do 11/09.
O ano de 2011 era aguardado ansiosamente por Bin Laden. A Al-Qaeda planejava uma ofensiva de relações públicas para celebrar o décimo aniversário do 11 de Setembro, embora não houvesse planos para um novo ataque. Bin Laden também queria deixar a casa em que estava se escondendo, na cidade paquistanesa de Abbottabad, pois temia estar sendo monitorado. “Só posso permanecer com meus irmãos aqui até o décimo aniversário [dos ataques].” Porém, ele foi morto antes disso, em maio de 2011.
Mulheres na linha de frente.
Lideranças da Al-Qaeda divergiam quanto às regras sobre a companhia de esposas na linha de frente, um privilégio de militantes ocupando posições mais altas na hierarquia do grupo. A troca de correspondências incluía uma recomendação para que mulheres na linha de frente fossem enviadas de volta para casa, com a exceção de “uma mulher mais velha em áreas seguras, para evitar distrair os combatentes”.