Quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de abril de 2016
Caso a Câmara dos Deputados se recuse a custear as passagens aéreas para viabilizar o depoimento do lobista Fernando Baiano no Conselho de Ética, o presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA), afirmou que pagará do próprio bolso o valor das passagens aéreas de ida e volta de Baiano e do advogado.
Está marcado para o dia 26 deste mês o depoimento de Baiano no processo de cassação do mandato do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Nessa terça-feira, Cunha disse que seria desperdício de dinheiro público arcar com as despesas para levar Baiano do Rio a Brasília porque considera que o lobista não tem nenhuma relação com o seu caso no Conselho de Ética.
Baiano firmou acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava-Jato e, entre outras coisas, afirma ter entregue em escritório de Cunha dinheiro vivo desviado do esquema de corrupção da Petrobras.
O presidente da Câmara dos Deputados responde a processo de cassação por ter negado a seus colegas a existência de contas no exterior. Segundo a Procuradoria-Geral da República, há fortes indícios de que essas contas tenham sido abastecidas por dinheiro desviado da estatal.
“Ele não pode usar o cargo de presidente da Câmara para determinar ao Conselho quem deve ou não ser ouvido. Isso é um absurdo. Se a Câmara não pagar, eu vou pagar do meu bolso e depois vou tentar o reembolso”, disse Araújo.
Nessa terça-feira, o vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), proferiu decisão limitando a investigação do Conselho à acusação de Cunha de ter mentido aos colegas. E deixou claro que irá anular qualquer prova ou depoimento que escape à esse tema.
O relator do processo contra Cunha, Marcos Rogério (DEM-RO), afirmou que não irá mudar um milímetro o seu plano de trabalho. “Acho que o Maranhão está em outro planeta. Ele ouve apenas um lado e decide como bem entende. Lamento, mas ele está a serviço de alguém, não a serviço da Câmara.”
A assessoria de Maranhão afirmou que suas decisões obedeceram estritamente ao regimento interno da Câmara. E que ao prometer lealdade a Cunha quando votou contra o impeachment de Dilma Rousseff, no domingo, Maranhão estava se referindo à lealdade institucional, como vice, não à lealdade política. (Folhapress)