Quinta-feira, 24 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 30 de maio de 2016
Assessores mais próximos ao presidente em exercício, Michel Temer, estão sugerindo que seja repetida com o Ministro da Transparência, Fabiano Silveira, a solução dada ao caso de Romero Jucá, que se afastou do Ministério do Planejamento com apenas 12 dias no governo.
Temer conversou na noite deste domingo (29) com Silveira e na manhã desta segunda (30) com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. A decisão sobre o caso deve ser tomada nesta tarde, antes de audiência de Temer com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, marcada para as 17h.
Jucá e Fabiano Silveira foram grampeados pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que teve delação premiada já homologada pelo ministro Teori Zavaski.
Machado é alvo de investigação da Operação Lava-Jato e já teve seu escritório como alvo de ação de busca e apreensão por parte da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.
Sem mandato – portanto, sem prerrogativa de foro –, Machado tomou a iniciativa de gravar interlocutores com foro privilegiado e assim buscar delação premiada na esfera do Supremo Tribunal Federal e não junto à Justiça do Paraná, com o juiz Sérgio Moro.
Segundo envolvidos nas investigações, Sérgio Machado, alvo de busca e apreensão em dezembro passado, tomou a iniciativa, por si mesmo, de fazer gravações de conversas em Brasília.
Conversa
O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, procurou o presidente em exercício Michel Temer, na noite deste domingo (29), no Palácio do Jaburu, para explicar o teor de sua conversa com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na qual criticou a condução da Operação Lava-Jato pela PGR (Procuradoria-Geral da República), informaram assessores do Palácio do Planalto.
Reportagem do Fantástico, da TV Globo, revelou gravações na qual Silveira, além criticar a PGR, dá conselhos a Calheiros e ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado – ambos investigados por envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras.
No encontro da noite de domingo, Temer avaliou que o caso de Silveira é “menos grave” do que o do senador Romero Jucá, também flagrado em gravações de Machado sugerindo um “pacto” para barrar a Operação Lava-Jato. Em razão da repercussão negativa dos áudios, Jucá teve de deixar o comando do Ministério do Planejamento.
A exemplo do que fez no episódio que envolveu o ex-ministro do Planejamento, Temer pretende aguardar o desdobramento da repercussão política da conversa entre Calheiros e o ministro da Transparência para decidir o futuro de Silveira.
Na manhã desta segunda-feira (30), o Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle – entidade que representa os servidores da extinta Controladoria-Geral da União e do Tesouro Nacional – cobrou a “exoneração imediata” do ministro da Transparência. Além disso, servidores lavaram as escadas do prédio da extinta CGU em protesto contra Silveira. (AG)