Sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de junho de 2016
Parte dos senadores que participaram do jantar com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, nesta terça-feira (28), classificou o encontro como “frustrante” porque o ministro não deu indicações claras sobre quais são as prioridades para a área econômica no Congresso e “lavou as mãos” do governo em relação aos reajustes para diversas categorias do funcionalismo público.
Os senadores esperavam que o ministro fosse mais claro em relação ao aumento de salários, já que a previsão é de que eles terão um impacto de R$ 67,7 bilhões até 2019. Os parlamentares questionaram Meirelles se o pacote de reajuste seria prioridade ou se o governo teria outra posição.
“Ao não termos uma resposta muito objetiva, realmente fica essa posição, já que a pauta da população brasileira é exatamente conter despesas. Ele disse que o Parlamento vai avaliar. Não vamos a esse nível de apoiar todos esses aumentos, mas também tem que ter uma posição do governo e não só a posição do Parlamento. Ele é o comandante da política monetária do País”, reclamou o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), ao deixar o encontro.
O jantar foi organizado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na residência oficial. Compareceram 45 senadores, além do anfitrião. Nenhum senador de oposição foi ao evento. O boicote foi anunciado pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ) na tarde de terça. De acordo com ele, a decisão foi tomada porque os partidos que defendem a presidenta afastada Dilma Rousseff não reconhecem a legitimidade do presidente interino Michel Temer.
Após o jantar, outros senadores aliados apontaram uma contradição do governo ao não se posicionar claramente em relação aos reajustes salariais e ao mesmo tempo defender propostas de austeridade econômica para recuperar a situação fiscal do País. Alguns parlamentares afirmaram que a conversa com o ministro foi superficial e tratou basicamente da questão salarial. “Ou estamos à beira do abismo ou não estamos. O governo não pode vir aqui e querer dar uma de Pôncio Pilatos e lavar as mãos. O ministro perdeu a enorme oportunidade de fazer uma reflexão mais aprofundada sobre a conjuntura do País”, afirmou um senador que pediu para não ter seu nome identificado.
Meirelles evitou apresentar dados concretos sobre a economia e repetiu argumentos já apresentados pelo governo para a retomada da confiança no setor. O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) chegou a ficar irritado e perguntou mais rispidamente ao ministro qual seria “o limite da irresponsabilidade” ao falar sobre o tema principal discutido no encontro. Além de Meirelles, o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) também participou do jantar. Os dois saíram do encontro por volta da 0h desta quarta-feira (29). (Folhapress)