Quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 26 de julho de 2016
Quatro cópias idênticas de Dolly, a famosa ovelha clonada que morreu prematuramente em 2003, já completaram nove anos de vida e sobrevivem sem problemas, mostrou um estudo publicado nesta terça-feira (26) na revista científica “Nature Communications”.
Debbie, Denise, Dianna e Daisy, irmãs idênticas nascidas 11 anos depois de Dolly, se encontram “em boa saúde”, segundo pesquisadores que estudam o envelhecimento dos animais clonados.
As quadrigêmeas foram criadas a partir das células da mesma glândula mamária usando uma técnica chamada transferência nuclear de células somáticas (TNCS).
Dolly nasceu há 20 anos, em 5 de julho de 1996, e viveu até os seis anos – ou seja, a metade do tempo normal para sua raça, Finn Dorset. Aos cinco anos, desenvolveu artrite no joelho, e um ano depois morreu em consequência de uma doença pulmonar.
Os problemas de saúde de Dolly e sua morte prematura puseram em evidência os riscos da clonagem. Os ratos de laboratório clonados, por exemplo, são propensos à obesidade e a morrer jovens.
Kevin Sinclair, da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, examinou cuidadosamente as quatro “Dollys” nascidas em julho de 2007, assim como outras nove ovelhas que foram clonadas a partir de diferentes culturas celulares.
Os 13 animais, com idades entre sete e nove anos, são fruto de trabalhos de laboratório destinados a melhorar a eficácia da TNCS.
Os pesquisadores mediram a tolerância das ovelhas à glicose, sua sensibilidade à insulina, sua pressão arterial e saúde óssea. Essa é a primeira avaliação completa do envelhecimento de animais clonados.
Algumas das ovelhas tinham artrite branda, e uma delas tinha uma forma “moderada” dessa doença, que não são incomuns na sua idade. Nenhum dos animais é manco como Dolly.
‘Envelhecer normalmente’
Apesar da sua “idade avançada”, nenhuma das ovelhas era diabética, e todas tinham pressão arterial normal. Os dados, segundo a equipe, foram “convincentes, indicando que a TNCS não tem efeitos adversos prejudiciais a longo prazo na saúde das crias em idade adulta”.
A TNCS consiste em remover o núcleo que contém o DNA de uma célula que não seja de um óvulo ou esperma – uma célula da pele, por exemplo – e implantá-lo em um óvulo não fertilizado do qual o núcleo foi removido.
Uma vez transferido, o óvulo reprograma o DNA maduro de volta para um estado embrionário, com a ajuda de um choque eléctrico, e começa a desenvolver um embrião.
Não há registros de nenhum humano que tenha sido criado dessa forma. Apesar de melhoras recentes, a técnica continua sendo ineficiente e cara. Apenas uma pequena porcentagem dos embriões clonados sobrevive ao nascimento.
“O consenso apoiado pelos dados atuais é que os clones que sobrevivem são saudáveis e parecem envelhecer normalmente”, afirma o estudo.
A clonagem animal é usada no setor agrícola, principalmente para criar animais reprodutores, assim como no negócio de “trazer de volta” animais de estimação mortos para seus donos.