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Por Redação O Sul | 27 de julho de 2016
Em tempos de restrição de crédito e aperto no orçamento, trocar de carro e ainda sair com dinheiro no bolso pode parecer uma oferta vantajosa, ainda mais por causa das taxas de juros mais baixas do que as praticadas no empréstimo pessoal. A modalidade, chamada de “troca com troco”, ganha apelo com a crise, mas exige atenção na hora de fechar o negócio.
No Banco do Brasil, por exemplo, o saldo da carteira da modalidade “troca com troco” registrou crescimento de 18% ao fim do primeiro semestre de 2016 em relação ao mesmo período de 2015. O valor médio contratado foi de 40 mil reais. A proposta é trocar o carro atual por outro mais barato e, assim, sair com dinheiro no bolso. Porém, o caminho não é tão simples: segundo um levantamento da Proteste, associação de defesa do consumidor, o primeiro problema está na subavaliação do veículo oferecido na hora da troca.
Anonimamente, a entidade visitou quatro concessionárias e duas revendedoras, com um carro cujo valor de mercado é de 28.095 reais. As ofertas das empresas, porém, ficaram de 3 mil reais a 6 mil reais abaixo do preço de tabela. Além do deságio, as concessionárias ofereceram veículos novos ou seminovos na troca, com valor superior ou equivalente ao do oferecido. Para que o negócio seja vantajoso para o bolso, o ideal é adquirir um veículo mais em conta.
Desvantagem.
“O problema no caso da ‘troca com troco’ é que seu carro será comprado com um grande deságio, e isso pode anular qualquer vantagem que você teria com uma taxa mais baixa de juros no novo financiamento”, alerta o educador financeiro Rafael Seabra.
Por isso, o consumidor deve pesquisar outras opções. “Se a pessoa não pode abrir mão do carro de jeito nenhum, a melhor opção é vender o atual para particular e comprar outro mais barato para não perder dinheiro na avaliação”, afirma Renata Pedro, técnica da Proteste responsável pela pesquisa.
Nesse caso, o carro comprado também pode ser financiado com taxas de juros similares às praticadas na “troca com troco”, que variam em torno de 30% ao ano. Para Renata, no entanto, a primeira opção que deve ser considerada é vender o carro para quitar as dívidas e usar o transporte público. “A ‘troca com troco’ é tentadora por causa dos custos mais baixos, porém a pessoa está contratando um novo empréstimo, que pode virar uma bola de neve sem organização financeira”, diz a técnica.
Na pesquisa da Proteste, as taxas de juros de um financiamento de 48 prestações variaram de 24,6% a 41% ao ano. Ao mesmo tempo, segundo dados da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), os juros cobrados na modalidade de empréstimo pessoal chegam a ser cinco vezes maiores do que os praticados no financiamento de veículos. No entanto, a troca de dívida pode ser a saída quando o consumidor corre risco de superendividamento, como é o caso das pendências no rotativo do cartão de crédito, cuja taxa de juros ultrapassa 400% ao ano.
Refinanciamento.
Outra modalidade de crédito com juros mais baixos é o refinanciamento de veículos, que também tem registrado aumento na procura. Nesse caso, o cliente pode alienar novamente o veículo, desde que já quitado. No Banco do Brasil, que viu a carteira desse segmento crescer 21% no primeiro semestre, podem ser refinanciados veículos com até cinco anos de fabricação a uma taxa de juros que começa em 1,89% ao mês. (AE)