Quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 2 de agosto de 2016
A Queiroz Galvão pagou propina a políticos e funcionários da Petrobras para fechar contratos com a estatal e também para obstruir as investigações da CPI do Senado que apurava irregularidades na petrolífera, em 2009, segundo a força-tarefa da Operação Lava-Jato. O repasse de propina envolvia contratos falsos e doações eleitorais.
A construtora é alvo da 33ª fase da operação, que foi deflagrada nesta terça-feira (02) no Rio Grande do Sul e em mais cinco Estados. Os ex-executivos da empresa Ildefonso Colares Filho e Othon Zanoide de Moraes Filho foram presos preventivamente.
“Há indícios, que incluem a palavra de colaboradores e um vídeo, de que 10 milhões de reais em propina foram pagos pela Queiroz Galvão com o objetivo de evitar que as apurações da CPI tivessem sucesso em descobrir os crimes que já haviam sido praticados até então”, segundo o MPF (Ministério Públcio Federal).
“Temos um novo contrato, em um valor bastante alto, um contrato de R$ 1,2 milhão, que está sob análise pericial para demonstrar que foi usado para pagamento de propina”, disse a delegada da Polícia Federal Renata da Silva Rodrigues, em entrevista coletiva sobre a operação.
Além disso, segundo ela, foi decisivo para as investigações o vídeo que mostra a negociação entre operadores e o então presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), para esvaziar a CPI sobre suspeitas de superfaturamento nas obras da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco.
“Embora houvesse relatos da reunião, só recentemente o vídeo foi compartilhado pelo Supremo Tribunal Federal e passível de ser usado nas investigações. Ele mostra de forma muito clara a atuação das pessoas, em um encontro de lobistas, com operadores financeiros, agentes públicos e parlamentares. No nosso entender, demonstra uma atuação direta dos investigados de obstruir as investigações”, disse Renata. Segundo a delegada, o vídeo teria sido entregue às autoridades pelo dono da sala comercial em que ocorreu a reunião. Ele seria amigo do lobista Fernando Baiano.
Campanha de Lula
O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou que a Queiroz Galvão é investigada por pagar caixa dois para a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006. Segundo delação de Ricardo Pessoa, ex-presidente da UTC, o repasse para a campanha do petista chegou a R$ 2,4 milhões. (AG)