Domingo, 12 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de agosto de 2016
Dilma Rousseff abre o computador e diz, baixinho: “Gente do céu, esse povo é complicado”. Na tela do laptop, a presidenta afastada se depara com a quarta, “ou quinta ou sexta” versão da carta que pretende entregar aos 81 senadores até quarta-feira (10).
A exclamação da petista sobre as versões do documento tem razão de ser: aliados de diferentes matizes ideológicas e interesses conflitantes continuavam dando muitos pitacos no teor da mensagem. Durante encontro com a petista no Palácio da Alvorada, na manhã desta quinta-feira (4), o jornal Folha de S.Paulo teve acesso a alguns dos trechos da “mensagem às senadoras, aos senadores e ao povo brasileiro”.
A defesa do plebiscito é o argumento central do discurso, talvez um dos derradeiros na condição de presidenta. “Darei apoio integral à iniciativa de convocação de um plebiscito, com o objetivo de definir a realização de novas eleições e a reforma política no País”, diz a missiva.
Poucas horas depois de ler, diante da reportagem, a parte do documento já fechada, o presidente do PT, Rui Falcão, divulgava seu posicionamento sobre a proposta: ser contra o plano de consulta popular. Foi apenas mais um de tantos desacertos protagonizados entre Dilma e seu partido.
“Que o povo se manifeste, não só através de pesquisas de opinião, mas por meio do voto popular sobre a antecipação das eleições e reforma política”, afirmou ela. A presidenta afastada continuou: “Estão tratando o presidencialismo como se parlamentarismo fosse. O parlamentarismo permite o voto de desconfiança. No presidencialismo, o impeachment, sem crime, é golpe”.
Mas há lógica em querer voltar para então sair, como diz Michel Temer, indagou a reportagem. “A lógica? É ele não ter 54,5 milhões de votos. Eu sou legítima. Ninguém, nem o impeachment, transformará Temer num presidente legítimo. E ele vai carregar essa pecha até o fim”, alfineta.
Dilma justificou sua declaração, dada na terça-feira (02) à revista Fórum, sobre o PT precisar passar por “grande transformação em que se reconheça todos os erros”. A petista disse que a declaração tinha o intuito de defender a legenda ao ser questionada sobre o fim da sigla. (Folhapress)