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Por Redação O Sul | 29 de agosto de 2016
Uma pequena empresa de Bristol (Reino Unido) resolveu adotar uma licença-menstruação pela qual funcionárias terão flexibilidade de ir para casa, se for necessário, e compensar depois as horas não trabalhadas – ou até mesmo trabalhar de casa.
“Não fixaremos um número de dias remunerados ao mês porque não queremos associar isso a uma doença. As mulheres precisam de apoio para valorizar seu ciclo, e não se culpar por ele”, afirmou Bex Baxter, diretora da Coexist, que administra um espaço cultural na cidade.
Bex disse esperar que a iniciativa, considerada inédita no mercado britânico, chame a atenção de empresas maiores – a Coexist tem apenas 24 empregados, dos quais 15 são mulheres.
“Cada empresa tem de analisar o que é melhor, no entanto, o importante é levantarmos a questão.” Ela mesma diz que sofria de dores terríveis, porém esse período diminuiu bastante desde que passou a flexibilizar sua jornada. “Agora passo um dia trabalhando de casa em vez de três debilitada, sem produzir.”
Um dos principais defensores das licenças, o ginecologista britânico Gedis Grudzinskas afirma que grandes corporações teriam até mais facilidade para aplicar a medida. “Não existe sincronia menstrual, ou seja, ninguém ficaria sem todas as suas funcionárias por um período determinado.”
A única grande empresa ocidental que se sabe que adota licença-menstruação remunerada é a Nike. A prática foi implementada em 2007 e se criou um memorando de entendimento para que seus parceiros comerciais também fizessem o mesmo em todos os países em que a companhia atua.
Preconceito.
O Brasil não possui legislação sobre a questão nem se sabe de companhias que adotem formalmente a prática por conta própria. Em janeiro, um boato circulou pela internet segundo o qual havia sido aprovada uma lei que permitia às mulheres três dias de descanso em casa por mês.
O direito à licença-menstruação existe há décadas em vários países asiáticos, contudo, esbarra no medo que as mulheres têm de serem discriminadas caso o utilizem.
O Japão foi o primeiro a introduzir a prática, em 1947, em meio à necessidade de atrair mão de obra feminina no combalido mercado pós-Segunda Guerra Mundial. Na China, três províncias já adotam a licença.
A lei diz que cabe às empresas decidir o período da licença e se será remunerada. Na prática, porém, quase nenhuma mulher deixa de trabalhar por cólica menstrual.
Nas redes sociais locais, a reação das mulheres foi de ceticismo sobre como isso será encarado por patrões, quase sempre homens.