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Por Redação O Sul | 13 de junho de 2015
O hábito de comer cérebros humanos, costume que elevou a taxa de mortalidade em uma tribo da Papua Nova Guiné, na Oceania, foi, décadas depois, o responsável pela diminuição dos casos de doenças cerebrais entre aquelas pessoas. A conclusão é de um estudo publicado na revista Nature sobre o povo Fore.
Isolada da civilização moderna até a primeira metade do século passado, a tribo mantinha a tradição de comer os cadáveres de seus parentes durante os funerais. Enquanto a carne era destinada aos homens, o cérebro era ingerido pelas mulheres e crianças. No entanto, a prática, tida como uma forma de respeito aos ancestrais, acabou provocando o desenvolvimento de uma molécula mortal no cérebro das mulheres e crianças. Elas contraíram uma doença degenerativa chamada “kuru”, responsável pela morte de 2% daquela população a cada ano.
Depois que o costume foi proibido, na década de 1950, e a taxa de mortalidade começou a recuar, veio a surpresa: após gerações de comedores de cérebro humano, alguns integrantes da tribo desenvolveram uma resistência genética à “kuru” e a uma série de doenças cerebrais fatais, como a da vaca louca e alguns casos de demência.
Os autores da pesquisa afirmam que a descoberta é um grande passo para a compreensão dessas doenças e de outros problemas cerebrais degenerativos, incluindo Alzheimer e Parkinson. (AG)