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Por Redação O Sul | 24 de outubro de 2016
Com receio de um racha que afete a pauta governista, o presidente Michel Temer pedirá à base aliada que viabilize um nome de consenso para a sucessão na presidência da Câmara dos Deputados. A eleição só acontecerá em fevereiro, mas já mobiliza os parlamentares. Hoje, as forças que se articulam para a disputa são o chamado “centrão”, com 13 legendas, e o bloco da antiga oposição – PSDB, DEM, PPS e PSB.
Os pré-candidatos do primeiro grupo são Rogério Rosso (PSD-DF) e Jovair Arantes (PTB-GO). No segundo, aparecem nomes como Carlos Sampaio (PSDB-SP), Antonio Imbassahy (PSDB-BA), Jutahy Júnior (PSDB-BA) e Heráclito Fortes (PSB-PI).
Temer quer fazer, a partir do mês que vem, apelos a esses dois grupos para que componham uma única chapa. A ideia é estimular acordo para que um dos grupos fique com o comando da Câmara enquanto o outro assuma a liderança do governo na Casa. Isso reforçaria a atuação para aprovar as reformas, especialmente a previdenciária – que deve exigir mais articulação por apoio.
A fórmula da dobradinha vigorou em julho, quando Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi eleito para ocupar o lugar de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que havia renunciado.
Desta vez, auxiliares de Temer defendem que o PMDB, partido do presidente, abra mão de lançar candidato –hipótese que tem o apoio do líder Baleia Rossi (SP), afilhado político de Temer, e de parte da bancada. Com esse arranjo, o Palácio quer evitar o que aconteceu em julho, quando o ex-ministro peemedebista Marcelo Castro (Saúde) lançou-se com o apoio de aliados da ex-presidente Dilma Rousseff e sem o respaldo do governo. À época, a gestão atuou para esvaziar a sua candidatura.
A atual conjuntura deixa a presidência da Câmara ainda mais atraente no biênio 2017-2018. Isso porque, além de comandar a Casa, quem vencer a disputa será também o primeiro na sucessão do presidente da República, e não o segundo, como em circunstâncias normais. Ou seja, ficará também como espécie de vice-presidente
Caso não consiga consenso, Temer quer manter distância da disputa. Evitará apoiar publicamente um dos candidatos para não repetir o erro cometido por Dilma Rousseff. Em fevereiro de 2015, ela apoiou Arlindo Chinaglia (PT-SP) contra Cunha, cuja sigla também era aliada. No comando da Câmara, ele manobrou contra o governo e iniciou o processo de impeachment.
“A mão do governo deve ficar um pouco mais leve em um processo desses exatamente para depois não ter animosidade com quem disputou e ganhou”, disse Jovair Arantes.
Há quem defenda a candidatura à reeleição do atual presidente Rodrigo Maia, o que exigiria uma flexibilização do entendimento do regimento interno da Câmara, porque não há existe previsão de reeleição.
Um deputado pondera que o afunilamento da lista de pré-candidatos depende de fatores como o resultado das eleições municipais e o poder de fogo de Cunha. Uma eventual delação que comprometa, por exemplo, o secretário de Temer Moreira Franco pode prejudicar a virtual candidatura de Maia, genro dele. (Folhapress)