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Por Redação O Sul | 16 de junho de 2015
A balança comercial brasileira registrou um superávit (exportações menos importações) de 678 milhões de dólares na última semana, entre os dias 8 e 14 deste mês, informou o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) nesta segunda-feira (15). Na parcial de junho, o saldo está positivo em 2,65 bilhões de dólares, de acordo com dados oficiais.
Com o resultado positivo registrado nas transações comerciais na semana passada, o saldo da balança comercial, no acumulado do ano, “virou” e passou a ficar no azul – ou seja, com mais exportações do que compras do exterior.
É a primeira vez que a balança comercial do País fica positiva na parcial de 2015. No acumulado deste ano, o saldo está positivo em 349 milhões de dólares. Até a semana anterior, a balança ainda apresentava déficit na parcial de 2015.
O MDIC tem dito que aposta em um saldo positivo para todo este ano, mas, até o momento, ainda não informou em qual valor. Se isso acontecer, haverá melhora em relação ao ano de 2014, quando a balança comercial brasileira teve déficit (importações maiores do que vendas externas) de 3,93 bilhões de dólares, o pior resultado para um ano fechado desde 1998, quando houve saldo negativo de 6,62 bilhões de dólares. Também foi o primeiro déficit comercial desde o ano 2000.
O mercado financeiro aposta que a balança terá superávit de 3 bilhões de dólares em 2015.
Mês a mês
Nos meses de janeiro e fevereiro de 2015, houve déficits de, respectivamente, 3,17 bilhões de dólares e 2,84 bilhões de dólares.
Já em março e abril, o saldo ficou positivo em 458 milhões de dólares e 491 milhões de dólares.
Em maio deste ano, por sua vez, o saldo da balança comercial ficou superavitário em 2,76 bilhões de dólares – o maior valor para este mês desde 2012 (+2,96 bilhões de dólares) e, também, o melhor resultado mensal fechado de todo este ano.
O que contribuiu
De acordo com informações oficiais, alguns fatores impulsionaram o saldo da balança comercial neste ano. Entre eles, a “exportação”, neste mês de junho, de uma plataforma de extração de petróleo no valor de 690 milhões de dólares. Neste tipo de operação, que já foi realizada em anos anteriores, a plataforma não chegou, porém, a sair do Brasil.
Ela foi comprada de fornecedores brasileiros por subsidiárias no exterior e depois “internalizada” no Brasil como se estivesse sendo “alugada”, mesmo sem deixar o País fisicamente.
Esse expediente – que é legal e está de acordo com as regras internacionais – permite às empresas do setor recolherem menos tributos. O processo é chamado de “exportação ficta”.
Além disso, o baixo nível de atividade econômica também tem “ajudado” o saldo comercial em 2015. Em maio deste ano, por exemplo, as importações atingiram o menor patamar, para todos os meses, desde dezembro de 2010 – ou seja, em quase quatro anos e meio.
No acumulado deste ano, até domingo (14), as compras do exterior recuaram 17,7%, patamar acima da queda de 14,6% nas exportações neste mesmo período.
No início de junho, o diretor do Departamento de Estatística e Apoio à Exportação do Ministério do Desenvolvimento, Herlon Brandão, confirmou que o baixo nível de importações está relacionado com a atividade econômica fraca no Brasil.
“Certamente o menor nível de atividade econômica causa menor demanda por importados. Não tem nenhum fator pontual. É a situação econômica e cambial [dólar mais alto torna as compras do exterior mais caras]”, declarou ele na ocasião.
Outro fator que contribuiu bastante para o aumento do saldo da balança comercial em 2015, junto com o menor nível de atividade, é a queda do preço internacional do petróleo. Como o Brasil é importador líquido do produto, quando cai o preço do petróleo, há um impacto positivo no saldo comercial.
Somente em importações de petróleo, combustíveis e lubrificantes, houve uma queda de 35% até maio, o equivalente a 5,5 bilhões de dólares. (AG)