Domingo, 19 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de novembro de 2016
Candidatos presos no Ceará e no Amapá foram flagrados com o tema da redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) nesse domingo (6). Em Fortaleza, a polícia encontrou no bolso de um homem de 34 anos o gabarito da prova, o tema e o texto da redação pronto para ser transcrito. Ele foi visto usando um ponto eletrônico na sala do exame.
“Essa prova foi vazada de alguma forma e, não sabemos como ainda, mas os gabaritos chegaram a candidatos antes mesmo de o exame iniciar, isso é fato”, disse nesta segunda-feira (7) a delegada da Polícia Federal Fernanda Coutinho, coordenadora regional do Enem no Ceará.
Segundo ela, o candidato já tinha acesso ao gabarito e tema da redação por volta das 11h e 11h30min do dia da prova. Os portões foram fechados às 12h, e o exame começou às 13h. “Ele levou no bolso a redação já feita, somente para fazer a transcrição na hora do exame”, afirmou a delegada.
Fernanda disse que, geralmente, o esquema de fraude do Enem tem um “candidato piloto”, que faz a prova informa as respostas para outro que repassar o gabarito. Mas, neste ano, a Polícia Federal obteve informações de que os gabaritos foram divulgados no horário da prova e antes, por meio do WhatsApp.
Em Macapá, um homem de 31 anos foi preso logo depois de deixar o local de prova em uma faculdade no Centro. Após abordagem, ele confessou que sabia o tema da redação antes mesmo de iniciar o segundo dia de provas. Com ele, foi encontrado um texto com o assunto “intolerância religiosa”, aplicado no Enem a quase 6 milhões de candidatos em todo o País.
A operação, segundo a polícia, chegou até o suspeito porque havia indícios de fraude em provas feitas por ele em anos anteriores. Os agentes da PF se disfarçaram de aplicadores do exame e fizeram a prisão após o suspeito sair do local.
Operação Jogo Limpo
A Polícia Federal fez duas operações para combater fraudes no Enem em oito estados: Minas Gerais, Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Tocantins, Amapá e Pará. Ao todo, 11 pessoas foram presas flagradas usando ponto eletrônico.
Na operação chamada Jogo Limpo, a PF informou que foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão. Em outra ação, denominada Embuste, a polícia desmontou uma quadrilha que transmitia respostas da prova para candidatos de três cidades – Montes Claros (MG), uma na Bahia e outra no Ceará. Foram cumpridos 28 mandatos, segundo 4 de prisão temporária. Em Minas, as respostas eram passadas por celular, mas o esquema era sofisticado. Um ponto ficava bem dentro do ouvido e só podia ser colocado ou retirado com pinça.
“A quadrilha cobrava entre 150 e 180 mil [reais], a depender da universidade que o candidato pretendia ingressar”, disse um delegado da Polícia Federal. De acordo com a PF, o principal alvo dos candidatos que recorreram à fraude eram cursos de medicina. (AG)