Sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de dezembro de 2016
Em depoimento, testemunhas no júri de Elize Matsunaga, que foi condenada a 19 anos e 11 meses de prisão em regime fechado por matar e esquartejar o marido, Marcos Kitano Matsunaga, trouxeram à tona uma vida de excentricidades e luxo. De jiboia de estimação a viagens ao exterior só para comprar vinho, detalhes sobre o relacionamento do casal chamaram a atenção durante os sete dias de julgamento.
Elize, que acaba de completar 35 anos, nasceu na cidade de Chopinzinho, no interior do Paraná, e atravessou uma infância pobre. Já Marcos integrava uma das famílias mais ricas de São Paulo. Ele era diretor e herdeiro da Yoki, empresa que foi negociada por 1,7 bilhão de reais após o crime, que aconteceu em maio de 2012, segundo o delegado Mauro Gomes Dias, responsável por investigar o caso.
Eles se conheceram em 2004, por meio de um site de acompanhantes. Na época, Marcos era casado e Elize, garota de programa. Antes do empresário se divorciar da primeira mulher, os dois foram amantes. Marcos chegou a pagar para que ela retirasse as fotos expostas no catálogo da internet e para que prestasse serviço apenas a ele.
O passado de Elize era mantido em segredo. Parentes e amigos foram unânimes em afirmar que só souberam que a ré havia sido garota de programa pela imprensa. Reservados, os dois se casariam em uma cerimônia realizada pelo reverendo Renè Licht, em uma festa para poucas pessoas. Da união, nasceu uma menina, hoje com 5 anos.
O triplex do casal ficava na cobertura de um condomínio de luxo com piscina dentro da casa e três pavimentos. Só no primeiro, havia seis varandas. Na sala de estar, o casal deixava troféus de caça à mostra e pendurava cabeças de animais que eles mesmo haviam abatido.
Segundo testemunhas, era costume viajar para uma fazenda de caça no Paraná. “Eles vinham com o bicho arrastando no jipe”, contou a babá Mauriceia dos Santos, que ganhava 3 mil reais para cuidar do bebê. Eles também faziam aulas de tiro juntos. “Marcos mencionava que ela atirava melhor do que ele”, disse o único irmão da vítima, Mauro Kitano Matsunaga.
Os vinhos eram outra fixação. Os dois chegaram a organizar leilões para revender unidades importadas e se ofereciam para custear passagens a quem pudesse trazer exemplares de fora do Brasil. “Bebiam uma garrafa por dia”, relatou Cecília Yone Nishioka, prima do empresário. “Cheguei a participar de um leilão com garrafa a 100 mil dólares”, disse Cecília. No apartamento, os dois mantinham uma adega, cujo valor estimado pela Polícia Civil é de 2 milhões a 3 milhões de reais.
Também a pedido de Elize, o casal chegou a criar uma jiboia no apartamento. Adulta, a cobra pode medir de 2 a 4 metros de comprimento.
Ao realizar buscas, policiais ficaram impressionados com a quantidade de armas de fogo encontrada no apartamento, além uma coleção de armas brancas. Entre os objetos apreendidos, havia um fuzil AR-15 e uma pistola modelo Polizei Pistole Kriminal (PPK), arma usada por oficiais nazistas na década de 1940.
O arsenal era armazenado em um banheiro, transformado em bunker. O espaço era isolado do resto do apartamento por uma porta blindada.
O disparo que atingiu o lado esquerdo da cabeça de Marcos no dia 19 de maio de 2012, partiu de uma pistola Imbel, calibre 380. A arma havia sido um presente dele para Elize.