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Por Redação O Sul | 10 de janeiro de 2017
Os documentos divulgados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos no fim do ano passado que revelam o pagamento de propina pela Odebrecht em 11 países, além do Brasil, colocou sob suspeita governos na América Latina e na África. Das nações citadas, ao menos Peru, Argentina, Equador, Panamá e República Dominicana abriram investigações ou estão tomando medidas contra a empreiteira brasileira após pressão de entidades e opositores.
As suspeitas, em alguns países, estão relacionadas a ex-presidentes, como Cristina Kirchner (Argentina), Ollanta Humala (Peru) e Ricardo Martinelli (Panamá), mas atingem também governos atuais, como o de Danilo Medina (República Dominicana) e Rafael Correa (Equador).
No Panamá, onde o Ministério Público local a princípio se negou a colaborar com as autoridades brasileiras, o período em que a empreiteira admite ter pagado propina se refere ao governo do ex-presidente Ricardo Martinelli, que já era alvo de investigações no país acusado de receber suborno.
Nos papéis do Departamento de Justiça, embora não mencione o nome de Martinelli, são citados pagamentos a familiares próximos a um governante panamenho. Para o presidente atual, Juan Carlos Varela, o caso também vem causando saia-justa. No fim de 2016, sua administração proibiu a Odebrecht de firmar novos contratos no país.
Para entidades da sociedade civil, no entanto, a medida veio “tarde demais”. Só o governo de Varela deu contratos avaliados em 2,5 bilhões de dólares à Odebrecht. A reação do MP também só ocorreu depois que começava a se formar uma aliança que incluía universidades e entidades como a Alianza Ciudadana Pro Justicia, que pedia a criação de uma comissão independente para investigar as obras da Odebrecht. Imediatamente, a Procuradoria anunciou que formaria um grupo especial para avaliar o caso.
O presidente da Assembleia Nacional do Panamá, Ruben de Leon, declarou que seria “mais prudente” que a Odebrecht deixasse o país. “A empresa deveria entregar ou rescindir os contratos com o Estado”, disse. O Partido Revolucionário Democrático, de oposição ao atual presidente, afirmou que não aceitará que as investigações sejam “seletivas”. (AE)