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Por Redação O Sul | 12 de janeiro de 2017
Um doleiro brasileiro, condenado na Lava-Jato, transferiu mais de meio milhão de dólares para uma conta do diretor-geral da Agência Federal de Inteligência (AFI) argentina, Gustavo Arribas. A operação foi dividida em cinco pagamentos, e ocorreu depois que, em setembro de 2013, um contrato da Odebrecht em uma obra na ferrovia Sarmiento, na Argentina, foi reativado.
O doleiro Leonardo Meirelles realizou uma delação premiada e entregou documentos sobre as transferência que realizou com a Odebrecht e outras empresas brasileiras. Meirelles transferiu 594.518 dólares, em cinco parcelas a uma conta na suíça de Gustavo Arribas. A operação foi realizada a partir de uma conta bancária em Hong Kong, que o operador controlava por meio da empresa RFY Import & Export Limited, considerada pela Justiça brasileira como de fachada, com o objetivo verdadeiro de pagar propinas e de realizar lavagem de dinheiro e evasão fiscal.
Arribas está no Brasil, passando as férias com a sua família, e não foi localizado. Por meio de três colaboradores, o dirigente admitiu ter recebido apenas uma transferência, de 70.495 dólares. O dinheiro viria da venda de uma imóvel em São Paulo, mas não foram apresentados mais dados. Por meio desses colaboradores (dois deles advogados), Arribas negou ter recebido as outras quatro transferências e foi taxativo em negar qualquer vínculo com o pagamento e recebimento de propinas.
Na época das transferências, Arribas morava no Brasil, onde era empresário de jogadores de futebol. O dirigente tem um antiga relação de amizade e confiança com Maurício Macri, atual presidente da Argentina.
Os documentos não explicam o motivo desses pagamentos. Está registrado apenas a conta no banco Credit Suisse de Arribas, informada por ele em declaração jurada apresentada ao Escritório Anticorrupção da Argentina.
Meirelles confirmou que pagou propinas na Argentina e detalhou que participou de “3 mil ou 3,5 mil operações em quatro anos, realizadas entre 2009 e 2014. Estamos falando de 240 milhões de dólares, que paguei em minhas empresas em Hong Kong, com depósitos no Panamá, na Argentina, e por aí vai”.
Pessoas próximas ao doleiro afirmam que “essas transferências realmente foram realizadas, e provavelmente foram irregulares”. Além disso, ressaltaram que quem tem informações mais precisas é Alberto Yousseff, seu sócio e chefe, e um dos primeiros delatores da Lava-Jato. (AG)