Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 16 de fevereiro de 2017
Mãe de três filhos e imigrante ilegal, Jeanette Vizguerra vive em Denver, nos Estados Unidos, e precisa tomar uma decisão importante: se apresentar às autoridades e correr o risco de ser deportada para o México, ou ficar por tempo indeterminado em uma igreja, onde agentes federais não entram. “Preciso pensar”, disse ela. “Porque eu prometi aos meus filhos que seria muito difícil me tirar desse país. Já lutei tanto para estar aqui. Agora não é o momento de desistir.”
A situação tem sido difícil para Jeanette, de 45 anos, um dos milhões de imigrantes sem documentação que lidam com um futuro incerto no país sob o comando de Donald Trump. Ela chegou aos EUA vinda do México em 1997. Depois que foi condenada há alguns anos por usar documentos falsos, Jeanette – que trabalha no país há 20 anos – foi ordenada a sair dos EUA. Apesar disso, ela conseguiu ao menos cinco adiamentos em seu processo de deportação. Em dezembro, o advogado dela, Hans Meyer, pediu mais um. Nada aconteceu.
Conforme a data limite de sua estada no país chegava, Jeanette percebeu a possibilidade de que poderia ter que se separar de seus três filhos: Zury, de 6 anos; Roberto, de 10; e Luna, de 12, todos nascidos no território americano.
Ela chamou a família para um jantar com o objetivo de discutir o assunto. O plano era que se os agentes do departamento de imigração batessem na porta da casa dela, ninguém atenderia. Se eles forçassem a entrada, Luna gravaria as cenas em um celular. Roberto deveria ligar para amigos da família e advogados, e Zury ficaria trancado em um dos quartos. No dia seguinte, Jeanette dormiu no porão de uma igreja com seus três filhos para evitar o risco de ser presa em sua casa.
“Minha intuição me diz que se eu entrar, não sairei”, afirmou ela com relação à ideia de se apresentar ao Departamento de Alfândega e Imigração dos EUA. Ela decidiu não ir. Depois, Meyer descobriu que o último pedido de adiamento de deportação dela havia sido negado.
A legislação federal diz que agentes de imigração devem evitar entrar em igrejas e outros “locais sensíveis”, a menos que tenham conseguido a aprovação de um supervisor ou enfrentem “circunstâncias” que exijam ação imediata. (AE)