Terça-feira, 26 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 11 de abril de 2017
Agentes da PF (Polícia Federal), do MPF (Ministério Público Federal) e da Receita Federal prenderam, na manhã desta terça-feira (11), Sérgio Côrtes, ex-secretário da Saúde do governo Sérgio Cabral, e os empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita. A operação, batizada de Fatura Exposta, cumpre também dois mandados de condução coercitiva e de busca e apreensão no Rio.
A operação investiga fraudes em licitações para o fornecimento de próteses para o Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia). De acordo com as investigações, quando era diretor do instituto, Côrtes teria favorecido a empresa Oscar Iskin, da qual Miguel é sócio, nas licitações do órgão. Estellita é sócio de Miguel em outras empresas e já foi gerente comercial da Oscar Iskin.
A ofensiva também apura desvios na Secretaria Estadual da Saúde, com o pagamento de propina para o esquema criminoso comandado por Cabral. O esquema também envolveria pregões internacionais, com cobrança de propina de 10% nos contratos nacionais e internacionais. Desse percentual, 5% caberia ao ex-governador Sérgio Cabral, 2% a Sérgio Côrtes, 1% para o delator Cesar Romero, 1% para o TCE (Tribunal de Contas do Estado) e 1% para sustentar o esquema.
As prisões foram pedidas a partir da delação premiada de César Romero, que trabalhou com o ex-diretor do Into e entregou todo esse esquema. A Iskin é uma das maiores fornecedoras de próteses do Rio. Côrtes entrou como médico no Into em 1990 e de 2002 até 2006 foi diretor do órgão. Em 2007, ele passou a atuar como secretário de Saúde na gestão de Cabral, onde permaneceu até 2013.
Com base nas informações do delator, a estimativa de fraude é de cerca de R$ 37 milhões somando os desvios no Into e na Secretaria da Saúde. As empresas do esquema atuariam de forma conjunta para, com o aval dos envolvidos, burlar a competitividade das concorrências públicas e favorecer sempre a Oscar Iskin.
Côrtes esteve ao lado do ex-governador Sérgio Cabral durante toda a sua gestão. Ele aparece na polêmica sequência de imagens em Paris do ex-governador e amigos em um restaurante com guardanapos na cabeça. Em 2015, a CPI da Máfia das Próteses na Câmara pediu que MP e PF aprofundassem investigações sobre a Oscar Iskin. (AG)