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Por Redação O Sul | 6 de maio de 2017
Sete anos depois da eclosão de sua pior crise financeira, a Grécia volta a ser alvo de um debate na Europa, com novos cortes de gastos e negociações de resgates. Mas o que era uma recessão se transformou em uma depressão e, hoje, se traduz em pobreza para parte da população. No total, o PIB grego já perdeu 25% de seu tamanho desde 2009 e 75% das famílias viram uma redução em sua renda.
Os mais de 300 bilhões de euros injetados na economia local foram destinados a salvar bancos e permitir que a administração pública pudesse continuar a operar. Mas esse empréstimo envolveu condicionalidades, entre elas cortes profundos, o que acabou afetando a vida de milhares de famílias.
Dentro do governo grego, economistas não disfarçam: o país pode ter de esperar até 2050 para voltar aos mesmos níveis de desenvolvimento social que estava em 2008.
“Fala-se muito em outras regiões do mundo em década perdida. Na Grécia, o que temos são gerações perdidas”, disse o economista Daniel Munevar, que trabalhou ao lado do ex-ministro de Finanças do país, Yanis Varufakis. “Estamos na parte mais complicada de toda a crise e o pior é que não existe uma resposta coerente”.
Na avaliação do economista que foi chamado para desenhar um plano para o país, as reuniões com o FMI (o banco mundial) mostraram que a própria entidade acabou reconhecendo que havia “passado do ponto” nas exigências de austeridade. “A Grécia vive hoje a pior crise dos tempos modernos para um país desenvolvido. O FMI já entendeu isso. Mas a União Europeia não”, afirmou.
Dados de diversos institutos de pesquisa de Atenas e do restante da Europa revelam que as taxas de pobreza na sociedade grega avançam no ritmo mais elevado em toda a União Europeia.