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Por Redação O Sul | 14 de maio de 2017
Em 10 anos, o Brasil ganhou 1,1 milhão de famílias compostas por mães solteiras. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2005, o País tinha 10,5 milhões de famílias de mulheres sem cônjuge e com filhos, morando ou não com outros parentes. Já os dados de 2015, os mais recentes do instituto, apontam 11,6 milhões arranjos familiares.
Mesmo com esse aumento no número absoluto, a representatividade das mães solteiras caiu de 18,2% para 16,3% no período. Isso porque outros tipos de família, como as de casais sem filhos e as unipessoais, cresceram mais proporcionalmente. Segundo Cristiane Soares, pesquisadora da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE, os dados são reflexo da dinâmica social e do perfil demográfico do Brasil nos últimos anos.
A taxa de fecundidade caiu de 2,38 filhos por mulher em 2000 para 1,9 em 2010, segundos os censos demográficos do IBGE. De acordo com o instituto, a queda da fecundidade ocorreu em todas as faixas etárias. Houve, no entanto, uma mudança na tendência de concentração da fecundidade entre jovens de 15 a 24 anos, observada nos censos de 1991 e 2000. As mulheres, de acordo com dados de 2010, estão tendo filhos com idades um pouco mais avançadas.
A redução na proporção de adolescentes (15 a 19 anos) com filhos, que caiu de 14,8% para 11,8% entre 2000 e 2010, é, inclusive, um fator importante para a elevação do nível de escolaridade das mulheres. Houve um aumento da frequência escolar feminina no ensino médio de 9,8% em relação à masculina. Em 2010, as mulheres também foram apontadas como maioria entre os estudantes universitários de 18 a 24 anos – 57,1% do total.
Outro fator que aponta o avanço feminino, segundo Soares, é o aumento de mulheres que são consideradas referências na família. O IBGE considera como pessoa de referência quem é responsável pela unidade domiciliar (ou pela família) ou assim considerada pelos outros membros. Entre as famílias com filhos, as mulheres eram apontadas como referência mesmo tendo um cônjuge em 4,8% dos casos em 2005; já em 2015, o percentual saltou para 15,7%.
“É muito significativo. Embora a gente não consiga, com a pesquisa, saber os fatores que levaram essa mulher a ser declarada como referência, a gente chama a atenção para as mudanças sociais, pois isso tem ocorrido principalmente em arranjos com casais”, afirma a pesquisadora.
Por outro lado, segundo Soares, a situação é muito mais delicada para a mulher quando ela está sozinha. Considerando apenas as famílias com filhos, o percentual de mães solteiras aumentou de 25,8% para 26,8%, e esse tipo de arranjo, segundo a pesquisadora, pode ser tanto um indicador de maior independência feminina quanto de maior vulnerabilidade.
O Distrito Federal e o Amapá, por exemplo, são unidades federativas que se destacam pelos altos índices de famílias compostas por mães e seus filhos. Considerando todos os tipos de famílias – integradas por filhos ou não, de pessoas morando sozinhas. (AG)