Quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de maio de 2017
O Canadá deu o primeiro passo oficial para se tornar o segundo país do mundo a legalizar a maconha nacionalmente, quatro anos após o Uruguai. Na semana passada, um projeto de lei elaborado pelo governo federal foi entregue ao Parlamento que, nos próximos meses, deve regulamentar o comércio e permitir que a droga seja consumida livremente no país – em julho de 2018, se seguir planos do Partido Liberal.
As circunstâncias da nação do badalado primeiro-ministro Justin Trudeau, porém, estão longe de serem as mesmas do precursor latino-americano. À primeira vista, o objetivo da liberação parece até um contrassenso: dificultar que a droga chegue aos jovens. As controvérsias, sim, existem, mas a população demonstrou estar disposta a embarcar na proposta do premiê quando o elegeu em 2015, com a promessa de legalizar a Cannabis.
A preocupação de Trudeau com a droga não é em vão, muito menos exagerada: o Canadá é o quarto país do mundo no consumo de maconha, apesar de o uso recreativo ser completamente ilegal (o Brasil fica em 17º lugar). De acordo com o último levantamento de Tabaco, Álcool e Drogas do governo, de 2015, 11% dos canadenses haviam usado a erva no ano anterior – entre os jovens de 20 a 24 anos, o índice chega a 30%, o maior entre países desenvolvidos. Por ser tão comum, a posse da Cannabis representa mais da metade de todas os ofensas relacionadas a drogas, um peso para os cofres do Estado.
O premiê moderno é, sim, mais liberal sobre os efeitos da droga que colegas conservadores: admite publicamente ter usado “cinco ou seis vezes na vida”. Ainda assim, faz questão de ressaltar em discursos que “não importa o que se diga sobre a maconha em comparação ao álcool ou ao cigarro, o impacto no desenvolvimento do cérebro existe e precisa ser prevenido”. Na visão de seu partido, a legalização pode, inclusive, ajudar na discussão aberta sobre os malefícios da droga, pois virá acompanhada de programas de conscientização.