Quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 4 de junho de 2017
Em uma ligação grampeada pela PF (Polícia Federal), o lobista da J&F Ricardo Saud pede a uma pessoa para tirar o nome de José Yunes, ex-assessor e amigo de Michel Temer, da delação premiada que estava sendo negociada. A J&F é a controladora da JBS, uma das maiores processadoras de carnes do mundo. O telefonema entrou no relatório da PF, que destacou em documentos as principais conversas – mais de 3.000 ligações foram gravadas com autorização judicial.
Yunes é um dos melhores amigos de Temer e foi assessor especial de seu governo até dezembro, quando foi citado na delação do ex-executivo Cláudio Melo Filho, da Odebrecht, como intermediário de um pacote com 1 milhão de reais que conteria dinheiro para campanhas do PMDB. Saud contratou uma pessoa, de nome Rodolfo, para pesquisar endereços de entregas de propina que estariam em sua delação. No diálogo, o delator diz: “Sabe o que eu estava pensando? Naquele relatório… É… Você podia fazer para mim, que eu estou indo hoje para Nova York, para levar ele. Tira aquele negócio tudo que tem do Yunes…”.
Rodolfo responde concordando com a orientação, e Saud continua: “E põe só confirmando que nesse endereço mora… é o escritório de fulano de tal, põe tudo aquilo, amigo do cara, tal…. eu quero mostrar que você foi lá para mim e confirmar que lá era o coronel tal, tal, tal…”. A referência feita pelo lobista diz respeito ao coronel aposentado da Polícia Militar João Baptista Lima Filho, também amigo de Temer. Ele é apontado pela JBS como receptor de propina de 1 milhão de reais ao presidente.