Sábado, 16 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 28 de junho de 2015
O presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Marco Polo Del Nero, poderá ter de dar explicações à Justiça suíça se voltar ao país. Seus esclarecimentos são considerados importantes nas investigações que apuram corrupção na Fifa (entidade máxima do futebol) no processo de escolha das sedes da Copa do Mundo de 2018 e de outros contratos.
A entidade fará uma reunião do Comitê Executivo em 20 de julho. Del Nero é membro do comitê e, de acordo com sua assessoria, irá a Zurique (Suíça).
Nessa sexta-feira, a Justiça suíça confirmou que o nome de Del Nero está entre as pessoas “de interesse” para que sejam interrogadas, e não descarta que pode aproveitar a reunião marcada por Joseph Blatter, presidente da Fifa, para entrevistá-lo. Ele não está entre os indiciados, mas como integrante do Comitê Executivo da Fifa nos últimos dois anos, o brasileiro passou a fazer parte do grupo que os investigadores chamam de “o governo do futebol”. Blatter convocou a reunião para que se defina a data da eleição na entidade e os detalhes de sua reforma.
Entrevistas
A princípio, segundo a polícia suíça, Del Nero não corre risco de prisão. Mas, se retornar ao país, dificilmente escapará de um interrogatório – mesmo porque a forma como deixou Zurique e a própria Suíça, em 28 de maio, dia seguinte à prisão de vários dirigentes, foi considerada “abrupta e estranha”.
Del Nero, à época, alegou que estava abandonando a reunião da Fifa, que definiu a reeleição de Blatter e a manutenção do atual sistema de repescagem nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018 (o quinto colocado da América do Sul continua na disputa por uma vaga), porque entendeu ser necessário voltar ao Brasil. Para ele, o presidente da CBF não poderia se ausentar de suas funções em um momento de crise. Na quinta-feira, por meio de sua assessoria, Del Nero disse não saber da intenção da Justiça da Suíça de ouvi-lo, mas garantiu que está à disposição.
Investigações
Originalmente, os suíços abriram investigações para determinar de que forma as Copas de 2018 e de 2022 foram selecionadas. Naquele momento da eleição, em 2010, Del Nero não fazia parte da Fifa e quem votou foi Ricardo Teixeira. Por esse motivo, dez pessoas foram inicialmente selecionadas para que fossem interrogadas com prioridade.
Seriam membros da Fifa que votaram em 2010 e que não vivem na Suíça, como o africano Issa Hayatou e o belga Michael D’ Hooge. Porém, desde o dia 27 de maio, quando a Justiça confiscou milhões de páginas de documentos da sede da entidade e da empresa que organizava jogos da Seleção Brasileira, a Kentaro, os investigadores admitiram que o processo foi ampliado.
Nesse caso, Del Nero passa a ser uma peça importante para que os investigadores entendam o processo. “Teremos entrevistas formais com todas as pessoas relevantes”, indicou o procurador-geral da Suíça, Michael Lauber. Segundo ele, ninguém estaria excluído.
Temor
Pesa o fato que no indiciamento nos Estados Unidos de José Maria Marin, ex-presidente da CBF, fica claro que outros membros da CBF também fariam parte de suspeitas. Enquanto Del Nero hesita em fazer a viagem para a Suíça, os advogados da Fifa tentam entender quais seriam os riscos que os cartolas enfrentariam se viajassem para Zurique. Uma das garantias que receberam é que, da parte dos suíços, o que haveria por enquanto seriam “entrevistas”.
Mas assim como ocorreu em maio, o temor é que um pedido do FBI (polícia federal norte-americana) seja feito dias antes do encontro e que mais prisões ocorram. No caso das detenções há um mês, o Departamento de Justiça da Suíça recebeu o pedido norte-americano cinco dias antes da operação e manteve sigilo absoluto. O caso chegou até o conselho de ministros do país.
Uma opção que não é descartada é que o Comitê Executivo da Fifa volte a se reunir na Rússia para o sorteio das chaves da Eliminatória da Copa de 2018, no dia 25 de julho. Moscou já deu garantias que os cartolas estarão blindados e que não teriam nada a temer. (AE)