Sábado, 08 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de junho de 2017
As empresas brasileiras aumentaram a procura por contratos de proteção cambial (hedge) para tentar blindar seus negócios das incertezas políticas e econômicas após a delação da JBS/Friboi, apontam dados do mercado e de especialistas. O mecanismo é buscado, sobretudo, para minimizar perdas com a variação do dólar.
O hedge cambial é um contrato que dá o direito de comprar ou vender moeda estrangeira no futuro por um valor combinado previamente. É uma espécie de seguro que protege a empresa de bruscas variações cambiais. Ele é muito usado por empresas que têm custos ou receitas em moeda estrangeira, como exportadoras e importadoras.
O volume de dólares negociado no mercado a termo (fora da Bolsa) no mês passado foi de US$ 30,7 bilhões, 35,7% maior que no mesmo período do ano passado, segundo dados da B3. Frente a abril, a quantidade de contratos deste tipo subiu 34%, para 10.351.
A demanda em maio partiu principalmente dos importadores porque o dólar subiu, explica o superintendente de produtos da B3 (novo nome da bolsa brasileira), Fábio Zenaro. O mercado a termo é o espaço usado mais usado pelas empresas para registrar os contratos de compra e venda de dólar no futuro. Já os fundos de investimento, que operam para especular e tentar lucrar com a variação das moedas, costumam comprar contratos negociados em Bolsa.
O aumento das operações ocorreu em meio à repentina valorização do dólar no dia 18 de maio, quando a moeda subiu 8,15%, cotada a R$ 3,389, reagindo à forte turbulência política iniciada pela delação dos donos da JBS na véspera. Foi a maior alta diária em 18 anos. “A incerteza política e econômica decorrente da delação e a abertura de uma investigação contra o presidente Michel Temer levaram ao aumento na busca por proteção pelas empresas”, avalia Leandro Ruschel , sócio fundador do Grupo L&S e especialista em mercado de câmbio.
Uma brusca variação cambial pode quebrar uma empresa. Por exemplo, uma importadora de bebidas pode ter uma alta muita expressiva no seu custo se o dólar subir e isso pode até inviabilizar seu negócio. Da mesma forma, uma companhia que vende em reais, mas tem dívida em dólar, pode ficar sem caixa para pagar sua dívida com a disparada do câmbio.
Hedge cambial
Para se proteger das variações do câmbio, as empresas fecham contratos de compra ou venda de dólar no futuro. Assim, mesmo que a cotação da moeda dispare ou desabe em relação ao real, eles têm uma previsibilidade sobre parte das suas receitas ou custos em dólar, já que eles estão protegidos com contratos de hedge.
Por exemplo: um importador, que paga seus fornecedores em dólar, fecha um contrato futuro que lhe garante comprar uma quantidade de dólares por R$ 3,30 daqui a um ano – para isso, ele paga uma taxa. Se a cotação da moeda for R$ 3,20 no fim do contrato, ele perde a taxa, mas não executa o contrato. Mas se o dólar chegar a R$ 3,40 em um ano, ele poderá fazer a compra da moeda por R$ 3,30. (AG)