Domingo, 09 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de junho de 2017
Em depoimento à Polícia Federal, o empresário Joesley Batista afirmou que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega atuou para que a JBS conseguisse um empréstimo junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O empresário falou à PF nesta quarta-feira (21) no âmbito da Operação Bullish, que investiga se o BNDES favoreceu a JBS.
No depoimento, Joesley disse que as negociações com o BNDES começaram quando Guido Mantega era presidente do banco, durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Ele afirmou que não sabe de que forma Mantega exerceu influência sobre os técnicos que analisaram o negócio, mas disse que sem a pressão e o acompanhamento dele, a JBS não teria conseguido o empréstimo necessário pra compra da empresa Swift Argentina.
No depoimento, porém, Joesley afirma que, de sua parte, não houve pagamento de propina a nenhum técnico ou diretor do BNDES para que os empréstimos fossem concedidos à JBS. Joesley também falou à PF que fez empréstimos a Mantega que somaram US$ 25 mihões. Ele disse, porém, que não sabe qual seria o destino do dinheiro.
Em outro momento, o empresário foi questionado sobre uma suposta conta que ele disse ter aberto no exterior – no valor de R$ 150 milhões – para o financiamento das campanhas de Lula e Dilma Rousseff.
Ele respondeu aos investigadores que essa conta era movimentada por ordem de Guido Mantega, mas que não há registro das movimentações seja por e-mail ou por notas fiscais. Procurada, a assessoria da ex-presidente Dilma não quis se manifestar. A reportagem não conseguiu contato com Mantega. Em outras ocasiões, os dois negaram irregularidades na relação do governo petista com a JBS.
A assessoria de Lula declarou que as afirmações de Joesley não decorrem de qualquer contato direto com o ex-presidente, mas de diálogos com terceiros. Também disse que a vida de Lula foi devassada pela Operação Lava Jato e que nenhum valor ilícito foi encontrado – nem qualquer conta no exterior.
Bens
Convicta de que o empresário e delator Joesley Batista está se desfazendo de seu patrimônio no Brasil, a AGU (Advocacia-Geral da União) solicitou ao TCU (Tribunal de Contas da União) o bloqueio imediato dos bens do grupo JBS/Friboi e seus proprietários – dentre os quais o próprio Joesley.
De acordo com a petição, a medida tem por objetivo garantir aos cofres públicos um possível ressarcimento por prejuízos decorrentes de práticas ilícitas efetuadas pelo conglomerado empresarial, estimados em pelo menos 850 milhões de reais.
A motivação para o pedido foi reforçada pela manifestação do secretário de Controle Externo do TCU no Estado Rio do Janeiro, Carlos Borges Teixeira, durante uma audiência pública na Câmara dos Deputados, na terça-feira, mencionou a existência de indícios de perdas financeiras em operações do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social) com a JBS/Friboi.
“Há notícias dando conta de que o referido grupo empresarial estaria em avançado processo de desfazimento de bens no país”, ressaltou Teixeira na ocasião.
A assessoria de imprensa da JBS disse que não irá se manifestar sobre o pedido da AGU, mas voltou a defender a delação premiada de Joesley e de outros seis executivos do grupo, cuja validade foi aprovada nessa quinta-feira pela maioria dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
“A despeito do grande número de informações e provas já entregues, os colaboradores continuam disponíveis para cooperar com a Justiça e, conforme acordo firmado com a Justiça, estão sendo identificadas informações e documentos adicionais como complementos às investigações e que serão entregues no prazo de até 120 dias”, frisou a JBS, por meio de nota.