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Por Redação O Sul | 26 de junho de 2017
O presidente Michel Temer pretende escolher um nome da lista tríplice da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) para substituir o atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ele chegou a cogitar não escolher alguém da lista, mas, para evitar a acusação de tentar interferir na Operação Lava-Jato, manifestou em conversas reservadas a intenção de respeitá-la.
A avaliação é de que Temer não pode correr o risco de se desgastar ainda mais, criando atritos com membros da PGR (Procuradoria-Geral da República). Nas palavras de um aliado presidencial, a categoria jamais iria aceitar uma nomeação de fora.
No Planalto, cresce o favoritismo do subprocurador-geral Mario Bonsaglia, um dos oito candidatos à eleição da ANPR. Ele aparece ao lado da subprocuradora Raquel Dodge como cotado para ficar entre os dois primeiros.
Para a equipe do presidente, além de fazer críticas pontuais a Janot, Bonsaglia é considerado um nome mais aberto ao diálogo e de posições moderadas. Nos bastidores, faz críticas a aspectos técnicos das atuais investigações e ao estilo, avaliado como centralizador, de Janot.
Não há na gestão peemedebista fortes resistências a Raquel, mas uma preocupação com um perfil considerado “imprevisível”, o que não seria tão favorável diante de um momento decisivo para o presidente, com apresentação de denúncia contra ele. A eleição está marcada para esta terça-feira (27), de 9h às 18h. Os candidatos disputam uma das três vagas da lista tríplice. O resultado será divulgado às 18h30min.
Pela Constituição, o presidente pode nomear qualquer integrante do Ministério Público da União com mais de 35 anos. O mandato de Janot termina em 17 de setembro. A lista tríplice foi instaurada em 2001 e, desde 2003, o presidente indica o mais votado.
Em debate promovido pelo jornal Folha de S.Paulo, na sexta-feira (23), Bonsaglia prometeu dar “todo o apoio aos trabalhos das forças-tarefas de Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo” e disse que os atuais investigadores “se sentirão à vontade de continuar trabalhando” com ele. Em nota, Bonsaglia disse que, “por questões éticas e por não ter acesso aos processos”, não faz críticas ou comentários sobre o trabalho técnico de Janot na Operação Lava-Jato.
Já Dodge declarou assegurar “integral e plena continuidade do trabalho contra a corrupção da Lava-Jato, Greenfield, Zelotes e todos os demais processos em curso, sem recuar, nem titubear”. Rodrigo Janot foi nomeado pela ex-presidente Dilma Rousseff em 2013 após encabeçar a lista tríplice. Em 2015, foi reconduzido por Dilma ao ser novamente o mais votado. Hoje, é responsável por investigação sobre o presidente Michel Temer. (Folhapress)