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Notícias A principal revelação da Operação Lava-Jato é que o Brasil deixou o poder econômico controlar a política, diz o ex-ministro Antonio Delfim Netto

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A principal revelação da Operação Lava-Jato é que o Brasil deixou o poder econômico controlar o político, diz o economista Antonio Delfim Netto. “O setor privado anulou a única força que controla o capitalismo, que é o Congresso. Não é simplesmente que o Estado e o setor privado tenham feito um incesto, produzido um monstrengo. Ele eliminou o único instrumento de educação do capitalismo.”

Para ele, as denúncias do empresário Joesley Batista contra o presidente Michel Temer tem “proporções catastróficas” e tornam impossível prever quando o País sairá da crise atual.

O economista defende que a manutenção de Temer no governo é a solução “menos pior”, porque eleva as chances de aprovar as reformas trabalhista e da Previdência, ainda que a segunda seja diluída: “Não acredito que uma eleição indireta produza um equilíbrio do nível que o Temer hoje, com todos os problemas, é capaz de produzir”. Delfim -que foi ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento durante a ditadura militar- não está otimista em relação às eleições de 2018. “Tenho sérias dúvidas, no quadro que tem hoje, de que você vai ter um governo muito melhor do que teve no passado recente”.

O economista criticou duramente a esquerda “primitiva” e os sindicatos — que, segundo ele, se aliaram ao capital— brasileiros por fazerem oposição às reformas. Após mais de 60 minutos de entrevista, Delfim, que acaba de fazer 89 anos, não demonstrava cansaço. Fez questão de acompanhar as repórteres e o fotógrafo e de abrir a porta de seu escritório. “É para vocês voltarem.”

As coisas estão melhorando ou continuamos na beira do precipício?

O Brasil não cabe no precipício. O precipício não aguenta esse problema.

Por que esta crise é sem precedentes?

Não sabemos qual a dimensão da crise, nem se ela começou ainda. Há uma incerteza muito profunda. Você veio caminhando razoavelmente bem. De repente um ato político de proporções catastróficas mudou todo o quadro e tornou impossível qualquer previsão. Não há nenhuma hipótese de solução razoável. O máximo que se pode conseguir é uma “menos pior”.

Qual a “menos pior”?

Usar o resto deste mandato para aprovar essas medidas. Elas vão ser aprovadas conosco ou “sem nosco”, na maior ordem ou na maior desordem. Porque uma coisa é certa: a aritmética é mais forte que a política.

Este governo Temer tem condição ainda de se sustentar?

Depende muito do Supremo. Aquela maioria original dificilmente será mantida, mas há a possibilidade de aprovar a reforma trabalhista. Seguramente a previdenciária terá que ter mais descontos. Não acredito que uma eleição indireta produza um equilíbrio do nível que o Temer hoje, com todos os problemas, é capaz de produzir. Eleição geral é um sonho, um autoengano, uma coisa ridícula, para exibicionista.

Qual a aritmética que se impõe à política?

Não vai ter recurso para pagar aposentadoria. Há uma esquerda primitiva que é incapaz de compreender que, por maior que seja seu altruísmo, isso encontra limite na disponibilidade de recursos. Por maior que seja a cooperação, 2 + 2 serão 4. Não podem ser 6. Para a esquerda primitiva pode ser até 22.

Há atalhos para a reforma?

Vamos pensar quem é contra ela. Há luta de classes no Brasil hoje? Sim, há. Uma elite do funcionalismo público federal, extrativista, que se empoderou de direitos muito mal adquiridos por causa do laxismo dos governos e da incrível, incrível tolerância do trabalhador que a sustenta.

Os sindicatos brasileiros negociam com o capital. Fazem parte da elite extrativista. E temos um negócio tão generoso que a produtividade do trabalho vivo tem que ser igual à do trabalho morto.

Integralidade e paridade do reajuste do funcionalismo?

Sim. É lá que está o problema. E como eles foram capazes de manipular a sociedade! O sujeito que ganha dois salários mínimos pensa que vai ter prejuízo. E não vai. Quem vai ter prejuízo é quem ganha 40.

Não houve também problema de comunicação?

Sem dúvida. O governo perdeu nesse campo. Dizer que é para pagar o futuro? O futuro está muito longe. Só que está se aproximando com enorme rapidez, porque os deficits são gigantescos.

O trabalhador é prejudicado pela unicidade sindical?

A unicidade, somada ao imposto sindical, é malandragem pura. O sindicato é um instrumento fundamental na paridade de poder entre o trabalho e o capital. Num momento em que você transforma o sindicato em um instrumento do governo e dá para o sindicato o poder de negociar com o capital contra o interesse dos seus sindicalizados, terminou a paridade.

Esta lei trabalhista exige sindicatos sérios, independentes, cujos membros o mantenham em competição com outros. E tudo conspira contra isso. A unicidade é um monopólio e o imposto é o conforto.

Então a reforma trabalhista terá alcance limitado?

Sim, a princípio, porque a unicidade precisa de mudança constitucional. Mas perder o imposto é um desarranjo de tal ordem que acaba levando à mudança da unicidade. (Folhapress)

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