Por Redação O Sul | 5 de julho de 2017
Segurados do INSS que estão contando os dias para se aposentarem devem ir atrás de períodos que podem aumentar o tempo de contribuição para tentar escapar das mudanças da reforma.
A leitora Maria Conceição Loiola, de 56 anos, é um desses casos. Ela está a seis meses e 10 dias de fazer 30 anos e conseguir dar entrada no seu benefício. Por conta da idade, quando completar o requisito para a aposentadoria por tempo de contribuição, ela consegue o benefício pelo 85/95, ou seja, a aposentadoria integral.
A grande dúvida de Maria é se será possível se aposentar antes de reforma – que prevê fixação de idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 para homens.
Por conta da crise política, as mudanças na aposentadoria que poderiam ser votadas ainda em junho foram deixadas de lado. Logo, o texto só volta a andar no segundo semestre.
O advogado previdenciário Rômulo Saraiva explica que só se consegue entrar com o pedido no INSS após completar as exigências mínimas. Por isso, quem está próximodisso não deve ficar parado. O conselho é verificar se há algum período não computado nas contribuições. “Conseguindo tapar buracos, é possível evitar prejuízos financeiros no futuro.”
Saraiva orienta que caso a pessoa tenha trabalhado exposta a agentes nocivos, esse tempo vale mais graças à contagem especial.
Outra alternativa é verificar se há algum período não recolhido e indenizar o INSS. “É preciso entrar com um pedido administrativo. Caso seja aceito, você paga e complementa o buraco”, aconselhou.
Transição
Se a aprovação da reforma ocorrer ainda em 2017, Maria Conceição e quem não tiver cumprido os requisitos atuais até a reforma virar lei precisarão passar pelo pedágio da regra de transição. O mecanismo prevê que o trabalhador cumpra mais 30% do tempo que falta para se aposentar para pedir o benefício. Para pegar o pedágio, é preciso ter 53 anos (mulheres) e 55 (homens)
Se a reforma for aprovada em setembro, por exemplo, a leitora terá de pagar pouco mais de um mês para conseguir o benefício. Além do pedágio, o valor também diminui. Ao invés dos 100% do 85/95, a aposentadoria será de 77,5% da média salarial, graças ao cálculo da reforma.
A expectativa do governo é que o texto possa ser votado em agosto na Câmara. São necessários 308 votos em dois turnos. O texto passa pelo mesmo processo no Senado e precisa de 49 votos.
Investimento
Para Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper, há três questões básicas que devem ser consideradas num investimento em longo prazo: definir por quanto tempo vai se poupar (se por dez, 20, 30 anos), quanto será poupado por mês e as taxas de rendimento de cada um dos produtos disponíveis para aplicação do dinheiro. Por exemplo, uma pessoa que investirá R$ 100 mensais por 30 anos em uma aplicação como o CDI, que tem rendimento atual de 10% ao ano, vai acumular, ao final desse período, cerca de R$ 206 mil, se tivesse poupado R$ 500 por mês, a poupança seria de R$ 1 milhão em 30 anos.
Com a alta dos juros dos últimos anos, mais pessoas abandonaram a caderneta de poupança e migraram para aplicações que se beneficiam da taxa básica Selic, que hoje ainda é alta, de 10,25% ao ano, e que possuem a mesma segurançaque a caderneta, como o CDI (Certificado de Depósito Interbancário).
— A grande questão é ter disciplina, começar a poupar o quanto antes e não interromper a poupança na metade do caminho, sacando o dinheiro para outra finalidade — ressalta o especialista do Insper.
