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Brasil O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra invadiu fazendas do ministro da Agricultura e de Ricardo Teixeira, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol

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Fazenda Esmeralda foi pichada em maio do ano passado. (Foto: Polícia Militar/Divulgação)

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) divulgou uma nota, na manhã dessa terça-feira, afirmando que invadiu uma série de fazendas ligadas a políticos e empresários. Entre elas, estão as propriedades de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol); e do coronel João Batista Lima, ex-assessor e amigo do presidente Michel Temer.

A ação, segundo o movimento, faz parte da Jornada Nacional de Lutas, em razão do Dia dos Trabalhadores Rurais. O lema é “Corruptos, Devolvam Nossas Terras!”. O MST afirma ainda ter invadido as propriedades do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, em Rondonópolis (MT), a base militar de Alcântara, no Maranhão, a sede do Incra (Instituto Nacional da Reforma Agrária) no Sergipe e uma fazenda no Paraná.

João Pedro Stédile, líder nacional do MST, gravou um vídeo em que convoca o movimento a agir neste 25 de julho e diz que não há mais política pública para a questão agrária no País. Ele menciona a medida provisória que permite a venda de assentamentos e o projeto de lei que autoriza a venda de venda de terras a estrangeiros. “Não podemos nos acovardar diante de um governo corrupto, golpista e com data de validade já vencida”, afirma Stédile na gravação. “Vamos dar uma demonstração à sociedade brasileira de que estamos firmes e não temos medo.”

Lima

É a segunda vez que o MST age na fazenda do coronel Lima, no interior de São Paulo. Em maio de 2016, eles foram à fazenda para “denunciar as conspirações golpistas de Temer”. Afirmam que, naquela ocasião, encontraram cartas endereçadas a Temer e materiais de sua campanha a deputado federal de 2006.

Oficialmente, a propriedade, batizada de fazenda Esmeralda, está registrada parte no nome de Lima (749,1 hectares) e parte (1.245,84 hectares) no nome da Argeplan, escritório de arquitetura e engenharia de que o coronel é sócio.

Lima coordenou todas as campanhas de Temer ao Congresso desde 1986. Foi assessor de Temer na Secretaria da Segurança Pública nos governos Franco Montoro (1983-1987) e Luiz Antônio Fleury Filho (1991-1995). Hoje, é um dos principais investigados pela Polícia Federal nos inquéritos envolvendo o presidente.

Executivos da JBS afirmaram, em acordo de delação, que a empresa deu R$ 1 milhão nas mãos de Lima, em 2014, como parte de um suposto acordo feito entre Temer e Joesley Batista. Em maio, durante a Operação Patmos, a PF encontrou no escritório da Argeplan documentos que reforçavam o elo do coronel com o peemedebista. Havia registros de reforma de imóveis de familiares de Temer, envelopes com movimentações bancárias, programação de pagamento do escritório político de Temer e recortes de reportagens, publicadas em jornais e revistas, sobre corrupção e propina ligadas ao presidente.

Após a primeira ação do MST, a assessoria de imprensa de Temer afirmou, em nota, que ele “não tem propriedades rurais. Não é dono de fazenda em Duartina”. Nessa mesma ocasião, o coronel João Batista Lima Filho disse, também em nota, que a fazenda está no nome dele e de sua empresa, a Argeplan, que opera há 40 anos.

Teixeira

Ainda de acordo com o movimento, mais de 300 famílias ocuparam a fazenda de Ricardo Teixeira em Piraí, na Região Sul do RJ. Teixeira é acusado na Espanha e nos EUA de participar de um esquema de corrupção na venda de direitos dos jogos da seleção e de torneios internacionais. Desde então, ele nunca mais deixou o Brasil temendo ser preso.

De acordo com o MST, a máfia no futebol brasileiro é produto de exportação. Na nota, o movimento diz que Ricardo Teixeira não só desencadeou todo um sistema de estelionato sobre o futebol e lavagem de dinheiro no Brasil, segundo estimam procuradores do Ministério Público Federal, como sua expertise em corrupção no futebol é pauta do FBI e da polícia espanhola.

Na segunda-feira, a Procuradoria-Geral da República pediu a transferência para o Brasil do procedimento penal instaurado na Espanha contra o dirigente, que comandou a CBF por mais de duas décadas.

 

 

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