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Por Redação O Sul | 25 de julho de 2017
Mais da metade da população do país está com peso acima do recomendado e 18,9% dos brasileiros estão obesos. Os dados são do Vigitel (Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), feito entre fevereiro e dezembro do ano passado pelo Ministério da Saúde.
Embora o levantamento traga boas notícias, como o aumento do consumo regular de frutas e hortaliças, redução do consumo de refrigerantes e sucos artificiais e aumento de atividade física, ainda há dados preocupantes em relação aos hábitos alimentares dos brasileiros.
Além da obesidade, a má alimentação também pode ocasionar doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. Ainda de acordo com o Vigitel, o excesso de peso cresceu 26,3% em dez anos, passando de 42,6% em 2006 para 53,8% em 2016. Já a obesidade cresceu 60%, indo de 11,8% em 2006 para 18,9% no ano passado.
Diante desse cenário, o Ministério da Saúde definiu metas para reduzir a obesidade. A primeira delas é deter o crescimento da obesidade na população adulta até 2019. Para isso, devem ser adotadas políticas intersetoriais de saúde e segurança alimentar e nutricional. A segunda meta é reduzir em 30% o consumo de refrigerantes e sucos artificiais nos próximos dois anos. A terceira é ampliar em no mínimo de 17,8% o percentual de adultos que consomem frutas e hortaliças regularmente até 2019.
Aliás, o crescimento da obesidade vem sendo constatado em toda a América Latina e Caribe, com impacto maior nas mulheres e tendência de crescimento entre as crianças, de acordo com o relatório Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe, feito em conjunto pela ONU para Alimentação e Agricultura e pela OPAS (Organização Pan-americana de Saúde).
De acordo com o documento, cerca de 360 milhões de pessoas na América Latina e Caribe estão com sobrepeso, o que representa 58% da população. Em relação às crianças, 7,2% das menores de 5 anos estão com sobrepeso, o que representa um total de 3,9 milhões de crianças. O aumento da obesidade impacta de maneira desproporcionada as mulheres: em mais de 20 países da América Latina e Caribe, a taxa de obesidade feminina é 10% maior que a dos homens.
Atividade física das mães na obesidade dos filhos
Mais do que informações genéticas misturadas, espermatozoides e óvulos levam no momento da fecundação – e posterior geração de um novo ser -, as peculiaridades e características relativas ao estilo de vida dos pais, o que pode ser determinante no desenvolvimento e nas condições de saúdes dos filhos.
Ciente dessa realidade, doutorandos do Laboratório de Morfologia da Biologia Experimental e Humana da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) desenvolvem uma pesquisa pioneira no Brasil para detectar a importância da prática de atividade física de mães no processo de geração de filhos saudáveis, mesmo que os pais tenham uma vida sedentária, sejam obesos ou portadores de doenças como a diabete.
Ainda em fase embrionária, os primeiros resultados da pesquisa desenvolvida pela UERJ indicam que mães com rotina de exercícios físicos ao longo da vida – antes de engravidar e durante a gestação – poderiam desprogramar a herança da obesidade paterna nos filhos.
Usando camundongos como parâmetro para o levantamento, os pesquisadores constataram que os filhos de mães que praticavam atividade física nasceram com peso mais baixo, se comparado com as crias de famílias com pais e mães sedentários.
Preliminarmente, também se constatou que a prática regular de exercícios se mostrou eficaz no aumento da temperatura corporal dos filhotes.
“O trabalho é uma novidade por mensurar a influência da atividade física das mulheres que se exercitam antes e durante a gravidez e que geraram filhos mais magros, independentemente do grau de sedentarismo do país. É claro que os dados são preliminares e são necessários estudos mais amplo a respeito”, admitiu a pesquisadora da Uerj Renata Tarevnic. (AD/ABr)