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Por Redação O Sul | 25 de julho de 2017
Mesmo após as turbulências políticas, a Selic (a taxa básica de juros) deve voltar a ser de um dígito após quase quatro anos. A aposta dos analistas de mercado é que o Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central) deve fazer uma redução de 1 ponto porcentual após a reunião desta quarta-feira, reduzindo a taxa básica de juros de 10,25% para 9,25%. A avaliação é de que a inflação continuará em queda, mesmo com turbulências políticas e o aumento de impostos anunciado na última semana.
Na última reunião sobre a Selic, em maio, o Copom sinalizou que poderia reduzir o ritmo dos cortes por causa das incertezas no mercado, agitado após a delação premiada de Joesley Batista. Para o superintendente de pesquisa macroeconômica Itaú BBA, Fernando Gonçalves, se antes o órgão não tinha certeza se o efeito da turbulência política iria fazer a inflação subir ou descer, agora há clareza que o efeito foi puxar os preços para baixo.
Entre os fatores estão a recente valorização do real frente ao dólar por fatores externos e a queda na confiança na economia.”O que ocorreu, na realidade, foi um cenário deflacionário”, avalia. Em relação ao aumento dos preços nos combustíveis, a estimativa é que ela cause um impacto de 0,6 ponto porcentual no IPCA. O índice oficial do país acumula alta de 1,18% até junho, após a primeira deflação em 11 anos, registrada no último mês. A meta para 2017 é de 4,5%, e tem tolerância de 1,5 ponto percentual.
Para os analistas do BTG Pactual, Eduardo Loyo e Claudio Ferraz, apesar de o cenário no curto prazo ser de pressão para que os juros caiam, é possível que os juros em patamares baixos não se sustentem. O motivo é a falta de mudanças que fariam com que a dívida pública caia. “O atraso da reforma da Previdência ameaça, em última instância […] aumenta o risco de que o afrouxamento monetário em curso, ainda que apropriado sob uma perspectiva estritamente anticíclica, vai demandar que as taxas de juros eventualmente sejam trazidas de volta para cima”, escreveram os economistas em análise sobre a próxima reunião do Copom.
A estimativa do mercado financeiro é que a Selic encerre este ano e o próximo em 8%, segundo dados do último Boletim Focus.
O que é?
A Selic é a taxa usada como referência para definir os juros pagos em diversos contratos do sistema financeiro, de empréstimos para a compra de imóveis a cartões de crédito. Ela é definida em reuniões do Comitê de Política Monetária, que é parte do Banco Central, em reuniões que ocorrem a cada 45 dias. O BC altera a taxa básica de juros para controlar a inflação, por meio da influência que a Selic têm na oferta de dinheiro disponível no mercado.
Para que serve?
A taxa básica de juros é um instrumento do Banco Central para influenciar a inflação da economia. E não é só no Brasil que isso acontece: “No mundo todo, todos os bancos centrais fazem política monetária determinando taxa básica de juros. Essa é a taxa que vai servir de referência para as outras taxas praticadas no mercado”, explica um economista.
Ao influenciar os juros praticadas no mercado, o BC altera a quantidade de dinheiro circulando na economia: quanto maior a taxa, menos dinheiro disponível para consumo, o que resulta em menor alta de preços – um “efeito colateral” disso, contudo, é a queda da atividade econômica do País. Se o Banco Central quer estimular a atividade econômica, pode reduzir as taxas de juros, o que estimula o consumo e tende a gerar uma inflação mais elevada.