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Por Redação O Sul | 25 de julho de 2017
As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) anunciaram que lançarão oficialmente uma legenda política a partir do 1° de setembro, data que marcará um mês do completo desmantelamento da guerrilha como parte de um histórico acordo de paz com o governo.
“Em 1° de setembro estaremos lançando publicamente o novo movimento político”, disse o guerrilheiro de codinome Carlos Antonio Lozada, membro do Estado Maior das Farc, em uma coletiva de imprensa na segunda-feira (24). O líder guerrilheiro afirmou ainda que o partido será apresentado em um ato político na Praça Bolívar, em Bogotá.
Os rebeldes ainda procuram traçar os alinhamentos para formar seu partido político e definir os candidatos que disputarão futuras eleições. Segundo Lozada, os dirigentes das Farc estão recebendo relatórios de “diferentes departamentos que fazem parte do Estado Maior Central” e que se ocupam “de elaborar as propostas” que apresentarão com sua plataforma política.
“Temos uma proposta de modelo econômico, a política de gênero que será realizada por nosso partido, as propostas que faremos ao setor da juventude, bem como a defesa do meio ambiente, a política do partido frente à questão urbana e, igualmente, para a parte agrária”, acrescentou o líder guerrilheiro.
“Seguramente, nos dias seguintes ao desenvolvimento do plenário e posteriormente no processo, focaremos em estudar não somente os nomes, mas, sobretudo, e fundamentalmente, as propostas que vamos apresentar”, acrescentou Lozada.
Por outro lado, o ex-chefe da equipe negociadora das Farc com o governo, Luciano Marín Arango, de codinome Iván Márquez, indicou que o partido da guerrilha receberá financiamento do Estado assim como acontece com os demais movimentos políticos do país.
“Nos acordos está escrito claramente que, assim como os demais partidos, [o partido das Farc] terá financiamento por parte do Estado, de modo que nisso não há nada novo. Esperamos que o Estado cumpra com esses compromissos e facilite assim o processo de reintegração política das Farc”, assegurou Márquez. “Acertamos a paz para participar da política. Dissemos que abandonaríamos balas para ter palavras como a única arma.”
Além disso, o líder guerrilheiro reiterou sua preocupação com o assassinato de guerrilheiros indultados, e afirmou que já são “cerca de seis” rebeldes e “alguns familiares assassinados”. “Seria triste que na Colômbia voltássemos à eliminação de uma força política como ocorreu com a União Patriótica”, manifestou Márquez.
O tratado entre Farc e governo federal garante dez assentos (cinco no Senado e cinco na Câmara) não eleitos no Congresso até 2023 – depois desta data, a legenda terá de participar das eleições. As Farc também poderão lançar candidatos durante as eleições para tentar aumentar sua participação parlamentar.
As Farc lutaram contra o governo colombiano por quase cinco décadas, antes de chegar a um acordo de paz no ano passado depois de quatro anos de negociações em Cuba. O conflito deixou feridas profundas na Colômbia e resultou em 250 mil mortos, cerca de 60 mil desaparecidos e sete milhões de deslocados. (Deutsche Welle)