Sábado, 23 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 31 de julho de 2017
A oposição venezuelana convocou mobilizações para esta segunda-feira (31) e quarta-feira (02) no país para protestar contra a instalação da Assembleia Constituinte convocada pelo presidente Nicolás Maduro.
“Não reconhecemos esse processo fraudulento. Para nós, é nulo, não existe”, afirmou o oposicionista Henrique Capriles, ao convocar as marchas. Governador do Estado de Miranda, Capriles disputou – e perdeu – a eleição de 2013 contra Maduro.
Ele afirmou que, nesta segunda-feira, haverá marchas em todo o país contra o “massacre” e a “fraude” que teria sido a votação deste domingo (30), e a mobilização de quarta-feira será em Caracas, no dia em que a Assembleia Constituinte será oficialmente instalada.
Enquanto o governo diz que 8 milhões de venezuelanos foram às urnas eleger os deputados que redigirão uma nova Constituição (ou 41,53% dos eleitores venezuelanos, segundo o Conselho Nacional Eleitoral), a oposição afirma que foram 2,5 milhões (12,4% de participação, segundo a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática – MUD).
“A ratificação de que esse foi um dia tétrico foi o exíguo comparecimento dos venezuelanos, em um processo do qual apenas o governo participou. Que legitimidade pode ter um processo, em que houve uma abstenção de quase 88%?”, questionou Ramos Allup, deputado e ex-líder parlamentar, em entrevista coletiva.
Capriles pediu ao governo que desista da Constituinte. “A última cartada foi dada por Maduro. Ele colocou a corda no pescoço e, a partir de amanhã [segunda], começa uma nova etapa de luta de não reconhecimento dessa fraude.”
Às 18h locais (19h em Brasília), o órgão eleitoral venezuelano anunciou que haveria uma hora extra para o fechamento das urnas, que estava marcado inicialmente para 20h (21h de Brasília). O anúncio foi acompanhado de uma mensagem do presidente Nicolás Maduro pedindo que as pessoas fossem aos centros de votação “porque ainda havia tempo”. A votação terminou por volta das 21h15min locais (22h15min de Brasília), ou seja, além do prazo estendido.
O presidente, que foi um dos primeiros a votar, às 6h (7h de Brasília), afirmou que a nova Constituição trará “tranquilidade e paz” para o país e criticou o presidente americano Donald Trump: “Quis o imperador Trump proibir o povo de exercer o direito ao voto, e eu disse: ‘Chova ou faça sol, haverá eleições e Assembleia Constituinte'”.
Violência
O Ministério Público confirmou que ao menos dez pessoas morreram durante o fim de semana, a maioria em protestos contra a eleição. Entretanto, relatos da mídia independente e de opositores contabilizam até 14 vítimas.
Entre as mortes confirmadas pelo Ministério Público neste domingo estão a de agentes da GNB (Guarda Nacional Bolivariana), manifestantes e membros de siglas oposicionistas. No sábado, José Félix Piñeda, candidato à Constituinte, foi assassinado no Estado de Bolívar.
Segundo o jornal El Nacional, houve ainda manifestantes mortos nos Estados de Mérida e Táchira, onde vêm ocorrendo os enfrentamentos mais graves do país. Teriam sido assassinados pelos “coletivos”, força paramilitar apoiada pelo Estado.
Futuro
A primeira reunião dos novos legisladores deve ocorrer em 72 horas. O governo não explicou como será a convivência dos constituintes com o atual Parlamento, de maioria oposicionista e que não reconhece a legitimidade da eleição de domingo. (AG)