Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Mundo “O juiz Sérgio Moro me inspira”, diz o juiz que mandou prender ex-presidentes acusados de corrupção no Peru

Compartilhe esta notícia:

Audiência que decidiu prisões durou 15 horas. (Foto: EPA)

De seu escritório em Lima, o peruano Richard Concepción Carhuancho cita um nome, por chamada de vídeo, para descrever sua atuação: Sergio Moro.

Juiz de primeira instância, Carhuancho já decretou a prisão preventiva de dois ex-presidentes de seu país. É visto ora como um herói, ora como um algoz que abusa de seu poder – dualidade que também acompanha o magistrado brasileiro, em quem diz “orgulhosamente” se inspirar.

“No nível da América Latina, Sergio Moro é um juiz emblemático, um paradigma que praticamente serve como modelo para outros juízes que lidam com organizações criminosas”, diz Carhuancho, de 46 anos, à BBC Brasil, antes de contar que acompanha o trabalho do brasileiro pelo noticiário e por exposições acadêmicas. “Me inspira a filosofia de trabalho que ele tem.”

As semelhanças não param por aí: os ex-presidentes Alejandro Toledo e Ollanta Humala são suspeitos de terem se beneficiado de esquemas de corrupção envolvendo a construtora brasileira Odebrecht, um dos principais alvos da operação Lava Jato, que alçou Moro a figura-chave no noticiário nacional.

Toledo é acusado de ter recebido propina durante seu mandato, entre 2001 e 2006, e se encontra foragido nos Estados Unidos. Humala, que governou o país de 2011 a 2016, e sua mulher, Nadine Heredia, são acusados de lavagem de dinheiro por conta do recebimento de caixa dois pago pela Odebrecht.

Carhuancho ordenou a prisão preventiva de Humala e Heredia, após 15 horas de audiência, no dia 13 de julho, um dia após o magistrado paranaense condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nove anos e meio de prisão.

O juiz diz ter decidido pela prisão preventiva após levar em conta tentativas dos acusados de obstruir as investigações e diante da possibilidade de ambos fugirem do país – a exemplo do que ocorreu com Toledo – após a nomeação de Heredia para um cargo de direção na Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), comandada pelo brasileiro José Graziano da Silva.

Humala é primeiro ex-chefe de Estado a parar na prisão por causa do esquema de corrupção desvendado pela operação Lava Jato.

No Peru, como vinha ocorrendo com Moro, Carhuancho viralizou. No Twitter, a hashtag #GraciasCarhuancho (“#ObrigadaCarhuancho) teve grande circulação, ao lado de comentários elogios e até pedidos para que o juiz se lançasse à Presidência do país.

“Sempre existem pessoas que optam pelas decisões corretas, podemos voltar a acreditar nas autoridades. Autoridades como o juiz deveriam optar por ser presidentes”, escreveu um internauta nos comentários de um vídeo no YouTube que mostra trechos da audiência.

No Facebook, uma imagem do juiz com os dizeres “Carhuancho Presidente! Compartilhe se apoia o valente juiz Richard Concepcion Carhuancho” foi compartilhada milhares de vezes no Facebook.

Entretanto, assim como o juiz que chegou a figurar em 2º lugar nas pesquisas de opinião sobre intenção de votos em possíveis candidatos à Presidência no Brasil, Carhuancho diz não ter interesse em uma carreira política.

“Agradeço as amostras de carinho, mas não penso na política. Nas ruas, as palavras amáveis me fazem sentir muito honrado, isso dá até mais força para continuar fazendo o meu trabalho”, diz à BBC Brasil.

As críticas de alguns juristas ou de pessoas sendo julgadas por ele ecoam as reclamações de abuso de autoridade ouvidas no Brasil.

“Esta é a confirmação do abuso de poder, ao qual faremos frente, em defesa dos nossos direitos e dos direitos de todos”, escreveu Humala no Twitter, após a ordem de prisão preventiva.

No Peru, as investigações a partir das revelações da Lava Jato que investigam a relação entre empresas e políticos receberam o nome oficial de “operación Autolavado”, uma tradução literal de Lava Jato. Mas, diante do foco na empreiteira brasileira, ficou conhecido mesmo como “Caso Odebrecht”.

Delações de Marcelo Odebrecht, então presidente da Odebrecht, colhidas pela Lava Jato e encaminhadas à Justiça peruana, e do representante da Odebrecht no Peru Jorge Barata, feitas à procuradoria peruana, são as principais fontes das acusações.

Juiz desde 2006, Carhuancho, sua mulher e seus dois filhos são acompanhados diariamente por seguranças há alguns anos, desde que ele passou a julgar esquemas de corrupção no Departamento (Estado) peruano de Ancash.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Mundo

Juiz do Amapá anula a nomeação do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República
Eclipse total vai obscurecer o Sol em faixa da terra dos Estados Unidos na segunda-feira
https://www.osul.com.br/o-juiz-sergio-moro-me-inspira-diz-o-juiz-que-mandou-prender-ex-presidentes-acusados-de-corrupcao-no-peru/ “O juiz Sérgio Moro me inspira”, diz o juiz que mandou prender ex-presidentes acusados de corrupção no Peru 2017-08-17
Deixe seu comentário
Pode te interessar