Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 20 de agosto de 2017
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou nesse domingo que enquanto a ex-procuradora-geral da Venezuela Luisa Ortega Díaz esteve à frente do Ministério Público (MP) bloqueou investigações de supostos casos de corrupção que ele ordenou, alertando inclusive os responsáveis.
O chefe de Estado disse que entregou a Ortega provas sobre supostos casos de corrupção de algumas empresas relacionadas com a Faixa Petroleira do Orinoco — rica reserva de 55 mil metros quadrados —, mas o MP “avisou” aos “culpados”.
“Quando informamos ao Ministério Público, o que fez? Agora já sabemos, avisou aos corruptos, saíram do país, lhes cobrou milhões de dólares com os quais abriu contas no exterior, em paraísos fiscais do Caribe”, denunciou Maduro em entrevista à emissora Televén. “Depois descobrimos o motivo pelo qual saíram do país, o Ministério Público eram quem os extorquia e protegia esses setores.”
O presidente assegurou que o marido da ex-procuradora, o deputado Germán Ferrer, “era o encarregado de uma rede de extorsão” que funcionava no MP.
“Agora é que descubro em toda a sua magnitude o que é uma rede que protegia a corrupção, uma rede de extorsão”, acrescentou Maduro.
O líder venezuelano declarou que em seus quatro anos como presidente nunca contou com o apoio do MP de Ortega para combater a corrupção.
Ortega está na Colômbia
Luisa Ortega, destituída pela Assembleia Constituinte de Maduro, chegou na sexta-feira à Bogotá, na Colômbia, após burlar a proibição de sair do país pelo Tribunal Supremo de Justiça, como parte de investigação por ela ter supostamente mentido no exercício da função.
Chavista histórica, a advogada rompeu com o atual governo no fim de março, após denunciar uma “ruptura constitucional” quando o Tribunal Superior de Justiça retirou os poderes do Parlamento, de maioria opositora.
Dissidente chavista, Luisa Ortega rompeu com o governo após o Tribunal Supremo de Justiça ter anulado as prerrogativas do Parlamento, no fim de março. A ex-procuradora garante ter provas de casos de corrupção envolvendo Maduro e a empreiteira brasileira Odebrecht.
O Ministério Público da Venezuela chegou a enviar dois representantes ao Brasil para ouvir o casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura sobre denúncias de que funcionários chavistas teriam recebido propina da construtora.
Em março, Mônica tinha dito à Procuradoria-Geral da República (PGR) que ela e seu marido receberam US$ 11 milhões em dinheiro vivo para fazer a campanha de Hugo Chávez à Presidência em 2012.
Segundo sua versão, a quantia foi entregue por Maduro, então chanceler do país.
Luisa Ortega e o marido Díaz e Ferrer são acusados pelo novo chefe do Ministério Público da Venezuela, Tarek William Saab, fiel ao governo, de ter liderado uma “quadrilha de extorsão” e uma “máfia transnacional” para chantagear pessoas investigadas.