Sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 12 de setembro de 2017
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
A semana que passou foi de longe a mais intensa do ano, mesmo que o ano de 2017 esteja pródigo em eventos extremos. Desde as ações do mundo dos escândalos, principalmente a partir das gravações de Joesley Batista com o presidente Temer divulgada no dia 17 de maio, a sequência estilo montanha-russa vai tirando o fôlego de todos. A semana passada mostrou as fotos da indecência das malas de Geddel, o depoimento de Palocci dizendo muito do esquema Lula-Dilma, a divulgação da gravação do mesmo Joesley com seu diretor em conversa de botequim, a enxurrada de processos de Janot já desnudado para Fachin ao limpar das gavetas no MPF, a sua foto com o advogado de Joesley numa distribuidora de bebidas em BSB, a ordem de prisão contra Joesley, são os mais expressivos eventos no país. Mais o terremoto do México e os furacões no Caribe e Flórida, como respirar?
Meu filho, lá de longe, não dá conta de seguir o ritmo imposto pela realidade do desvendar da ORCRIM nesse amadurecimento da Lava Jato com o país, felizmente, vivendo a liberdade de manifestação, de opinião, e de imprensa. Perguntou-me se tinha entendido errado as coisas até ontem: afinal, o Janot não era o deus? O Ministério Público não era A instituição? Lembrei a ele que há três atores: a Polícia Federal que investiga, o MP que acusa, e o Juiz que condena. Ou não. Só que o MP sob a batuta de Janot foi muito além, e passou a atuar politicamente. Quando instituições do mundo jurídico fazem política, a justiça vacila. E sugeri que ele não perca assim que estiver acessível o filme “A Lei é para Todos”, agora em cartaz no país, baseado no livro de mesmo título de Carlos Graieb e Ana Maria Santos, atualíssimo, feito a partir de entrevistas com membros da Polícia Federal participantes da Lava Jato.
As matérias de toda a mídia durante toda a semana que passou versaram sobre tudo isso. Opiniões as mais diversas buscam perguntar/responder “de onde viemos, para onde vamos”. Começando com a discussão: é o MP um poder? A quem ele responde? O que andaram tramando a dupla Fachin e Janot para terem premiado Joesley como premiaram a partir de uma delação construída com a participação do braço direito de Janot? E o Supremo, por que não faz andar os processos dos de foro privilegiado? E a venda de sentenças? E chega de perguntas que sim, precisam ser feitas para que ao se buscar respondê-las seja permitido identificar o que precisa ser mudado para avançarmos em direção a uma vida mais civilizada.
Todos os acontecimentos, desde o tempo do Mensalão de 2005, das manifestações de milhões nas ruas desde 2013, da copa do 7X1 e das eleições de 2014 no nascer da Lava Jato, do Petrolão desde então, do impeachment de 2016, do adiamento de 2017 para que Temer responda o que deve responder à Justiça, até os eventos extremos dessa semana que passou, fazem com que o aprendizado vá se completando. E que as instituições da Justiça deixem de ser aparelhadas politicamente. Pois que quando elas fazem política, a Justiça fica a perigo. É tudo que a população não quer. Temos essa chance, graças a muita coisa que vai na sequência dos fatos da semana, mas, em especial, graças à Lava Jato. Que os membros dos aparelhos não a interditem.
* Yeda Crusius é economista e deputada federal pelo PSDB/RS em seu quarto mandato. Já ocupou os cargos de Ministra do Planejamento e Governadora do RS.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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