Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 13 de setembro de 2017
“Eu vou chegar em casa amanhã e vou almoçar com oito netos e uma bisneta de seis meses. Eu posso olhar na cara nos meus filhos e dizer que eu vim para Curitiba prestar depoimento a um juiz imparcial?”. Com essa pergunta ao juiz federal Sérgio Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou seu segundo interrogatório como réu da Operação Lava-Jato, em Curitiba.
Lula foi ouvido por pouco mais de duas horas por Moro, em processo em que é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, pelo acerto de R$ 12 milhões em propinas da Odebrecht, de forma dissimulada no repasse de um terreno para o Instituto Lula e um apartamento em São Bernardo do Campo.
“Bem, primeiro, não cabe ao senhor fazer esse tipo de pergunta a mim, mas sim”, respondeu Moro.
Lula rebate: “Porque não foi o procedimento na outra ação”. Lula foi condenado em julho a nove anos e seis meses de prisão por Moro – que recorre em liberdade – por receber propinas da OAS no caso tríplex do Guarujá (SP).
“Não vou discutir a outra ação aqui com o senhor, senhor ex-presidente, se fôssemos discutir aqui, a minha convicção é que o senhor é culpado”, interrompeu Moro.
O juiz disse ainda que Lula estava discutindo o processo no Tribunal Regional Federal da 4ª Região. “Represente a suas razões no tribunal, se a gente fosse discutir aqui, não seria bom para ao senhor.”
Lula insiste e diz que vai “continuar esperando que Justiça faça justiça nesse País”. Moro interrompe a audiência.
Palanque
Em audiência mais curta que a primeira, em 10 de maio, no caso do triplex, que durou 5 horas, Lula foi questionado ao final por Moro se ele gostaria de falar mais alguma coisa.
“Eu gostaria”, responde Lula.
“Só assim, senhor presidente, não é momento de campanha, não é momento de discursos, é para falar sobre o objeto da acusação, se for o caso, certo?”, advertiu Moro.
O ex-presidente diz que toda vez que sai – Lula só foi interrogado como réu por Moro no dia 10 de maio, antes desta quarta – vê pessoas “fazendo campanha contra ele”. E sugere ao juiz para não usar a palavra “denegrir”, que teria sido usada por ele.
O juiz da Lava-Jato mais uma vez adverte Lula: “Senhor ex-presidente, não é para campanha, nem aqui para fazer declarações, o que o senhor quer falar sobre o objeto da denúncia?”. (AE)