Sábado, 11 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de maio de 2015
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou nesta terça-feira, em depoimento aos deputados da CPI que investiga desvios de recursos da estatal, que não há “almoço de graça” e que empresas fazem doações oficiais a campanhas eleitorais para “cobrá-los” depois. Um dos argumentos utilizados pelo tesoureiro licenciado do PT, João Vaccari Neto, para justificar as doações obtidas de empresas investigadas na Operação Lava Jato é que foram realizadas legalmente, mediante recibo e com registro na Justiça Eleitoral. O Ministério Público afirma que parte das doações oficiais a partidos foi feita com recursos oriundos do superfaturamento de obras da Petrobras.
Segundo Costa afirmou à CPI, várias doações oficiais dessas empresas vieram de propina. “Os valores, sejam valores de doações oficiais ou não, têm restrições. Algumas empresas me falaram isso, e agora, nas delações, isso está ficando claro. Não existe almoço de graça”, declarou. “Não existem doações de empresas que essas empresas não queiram recuperar o que foi doado”, afirmou. “Precisamos passar o Brasil a limpo e acabar com essa hipocrisia de que as empresas vão doar valores e que não vão cobrá-los lá na frente”, disse.
Questionado pelo relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), Costa reafirmou ter sido procurado pelo então presidente do PSDB Sérgio Guerra para que pagasse um suborno a fim de esvaziar a CPI da Petrobras em funcionamento na época. “Esse valor foi efetivado, foi pago e esse evento [a CPI] depois deixou de ter prioridade, efetividade. Isso está detalhado. É um fato real que ocorreu”, disse.
No início do depoimento, Costa se disse “arrependido” e afirmou que espera que o “sacrifício” dele não seja “em vão”. “Se eu pudesse voltar no passado nada eu faria. Eu espero que essa seja uma oportunidade para o Brasil passar a limpo uma série de coisas”, afirmou aos parlamentares. Costa disse que estar “amargamente” arrependido e que não só ele, mas a sua família também está sofrendo. “Espero que o meu sacrifício não seja em vão”, afirmou. O ex-dirigente da petroleira presta depoimento na condição de investigado. Ele foi à CPI acompanhado de cinco advogados.
“Estou dando a minha contribuição com muito sofrimento. Agora, se isso não for à frente, se não for avaliado em todas as frentes, talvez não valha a pena”, afirmou Costa.
Ele atribuiu a corrupção na estatal à interferência política na gestão da empresa.
“Se não fossem alguns maus políticos a levar a Petrobras a fazer o que fez… O que fez não foi inventado pela Petrobras, não foi inventado por nenhuma empresa, a origem disso [da corrupção] foram os maus políticos que fizeram isso acontecer”, disse. Para ele, essa é a “oportunidade de fazer a ruptura de um sistema podre”, afirmou o ex-diretor da estatal. (AG)