Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 15 de setembro de 2017
Bancos de investimento estão se antecipando e já buscam candidatos a comprar a JBS, mesmo que a família Batista ainda não tenha cogitado essa possibilidade. A movimentação, que já ocorria antes mesmo da prisão de Wesley e Joesley Batista, ganhou força com o fato de os controladores do frigorífico estarem, na avaliação destes bancos, em uma espécie de beco sem saída após os problemas com a delação e ainda operações no mercado financeiro, onde são questionados por insider trading. Assim, podem não ter opção, a não ser vender o principal ativo da holding. Internamente, essa alternativa vinha sendo negada exaustivamente, mas esse desfecho, agora, não é mais apontado como impossível, uma vez que a crise dos executivos pode respingar nas empresas.
Quanto antes, melhor
A rapidez no negócio seria interessante para muita gente, especialmente porque os bancos gostariam de evitar um desdobramento mais trágico, embora uma recuperação judicial, como ocorreu com outras tantas empresas envolvidas na Operação Lava-Jato, seja considerada improvável. A não ser que o cenário atual mude, seja no acordo de leniência, na renegociação de dívidas com os bancos ou na venda dos ativos.
Tudo bem
Por enquanto, credores tentam passar a mensagem de tranquilidade, alegando que os acordos fechados com bancos e compradores de ativos seguem em pé. A JBS informa que não há nenhuma negociação envolvendo seu controle.
JBS suspende compra de gado
Uma das maiores empresas de alimentação do mundo, a JBS tem presença dominante no mercado de abate de bovinos no País. No entanto, ainda na quarta-feira, logo após a prisão do presidente da companhia, Wesley Batista, a Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso) foi informada por produtores que os compradores de gado da companhia haviam comunicado que as aquisições de animais estavam suspensas. O Estado é o maior em abates no País. A situação foi mantida ontem. A empresa teria prometido regularizar hoje a questão. A associação informou que cobrou uma posição oficial da JBS, sem sucesso.
A “parada estratégica” nesse período de indefinição é natural, segundo o vice-presidente da SRB (Sociedade Rural Brasileira), Pedro de Camargo Neto, até porque, em última instância, a ordem de compra de gado vinha de Wesley. Camargo Neto disse esperar que a situação se resolva nos próximos dias e não vê motivo para um novo pânico no mercado, como o que tomou conta dos pecuaristas na época da divulgação do acordo de leniência dos irmãos Batista com o MPF(Ministério Público Federal), em maio.
Na época da divulgação da delação, a JBS ainda não havia renegociado a dívida com os bancos – a empresa alongou prazos para débitos de quase R$ 20 bilhões – e se especulava que a companhia pudesse entrar em recuperação judicial. Agora, a situação é vista de forma diferente. (AE)