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Por Redação O Sul | 17 de setembro de 2017
Rodrigo Janot deixará o cargo de procurador-geral da República nesta segunda-feira. Aos 61 anos, ele passou os últimos quatro anos à frente do MPF (Ministério Público Federal) e colecionou polêmicas com políticos investigados pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e denunciados ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Algumas dessas polêmicas tiveram grandes embates.
Há cerca de dois meses, Janot disse “Eu brinco assim: enquanto houver bambu, lá vai flecha”. A frase repercutiu a ponto de a defesa de Temer usar como argumento para o procurador-geral ser afastado dos processos de investigação relacionados ao presidente. O STF rejeitou.
Michel Temer
Em junho deste ano, Janot denunciou Temer ao STF pelo crime de corrupção passiva. A acusação foi apresentada com base nas delações de executivos da JBS. Ao comentar o assunto, Temer disse: “Exatamente neste momento, em que nós estamos colocando o País nos trilhos, é que somos vítimas dessa infâmia de natureza política.”
Na última quinta-feira, Janot denunciou Temer outra vez, desta vez pelos crimes de organização criminosa e obstrução de Justiça. Para o presidente, porém, a nova acusação é “recheada de absurdos” e mostra a “marcha irresponsável” do procurador-geral.
Fernando Collor
Investigado por Janot, o senador Fernando Collor (PTC-AL) usou vários discursos na tribuna para criticar a atuação do procurador-geral à frente do Ministério Público.
Em um desses discursos, Collor o chamou de “figura tosca”. O senador também o acusou de “sucessivos vazamentos” de informações sigilosas.
No dia em que Collor deu essa declaração, Janot não respondeu. Dois dias depois, o senador voltou a dizer que o procurador-geral vazava informações em segredo de Justiça. Janot, então, afirmou: “Nego que eu seja um vazador contumaz. Sou discreto e não tenho atuação midiática.”
Renan Calheiros
Também investigado por Janot, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), ex-presidente do Congresso Nacional, faz discursos frequentes contra o procurador-geral e contra o Ministério Público Federal. Ele disse, por exemplo, que a PGR tenta “desmoralizar homens públicos de bem”, acrescentando:”Tem bastado ao Ministério Público acusar […], que o criminoso, acuado, cite os nomes desejados e, como recompensa, abiscoite isenção de penas.”
Sempre que procurada após as declarações de Renan, a PGR informava que Janot não comentaria as acusações.
Eduardo Cunha
O ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso no ano passado, no âmbito da Operação Lava-Jato, em 2015, ainda como presidente da Câmara, afirmou que estava em uma “guerra política” porque Janot o havia “escolhido” para investigar.
Em julho deste ano, Janot enviou um parecer ao Supremo no qual pediu para a Corte manter Cunha preso, argumentando que mesmo que o peemedebista não seja mais parlamentar, o “poder delitivo” dele está concentrado na capacidade de “influenciar seus asseclas” no Congresso. (AG)