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Por Redação O Sul | 29 de setembro de 2017
Uma pesquisa realizada com homens de 15 a 25 anos em dez capitais brasileiras, entre elas Porto Alegre, aponta que 72% dos brasileiros acreditam que a responsabilidade pela prevenção da gravidez e de DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) é do casal. No entanto, apenas 31% deles disseram que se previnem durante o sexo.
O estudo, realizado pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) em parceria com a Bayer, também revelou que 55% dos brasileiros tiveram a sua primeira relação sexual entre 13 e 16 anos e que as suas duas maiores preocupações durante o ato foram a gravidez (31%) e DSTs (34%).
Conforme o levantamento, 48% dos entrevistados afirmaram preferir que suas parceiras tomem a pílula anticoncepcional para e evitar a gravidez e apenas 24% disseram ser favoráveis ao uso simultâneo da pílula e do preservativo. Contradizendo essas respostas, a maioria (50%) disse que a camisinha masculina é o método contraceptivo mais eficaz.
Os dados foram divulgados no Dia Mundial da Prevenção da Gravidez Não Planejada, celebrado em 26 de setembro, durante um evento realizado pela Bayer com especialistas e jornalistas de todo o País em São Paulo. No Brasil, 30% das gestações não são planejadas, de acordo com o Instituto Oswaldo Cruz.
Trinta e oito por cento dos homens declararam ter aprendido sobre sexo e métodos contraceptivos com amigos e pela internet, o que aponta para a necessidade de melhora da educação sexual no País. Sessenta por cento dos entrevistados procura esclarecer na internet as suas dúvidas sobre sexo.
O estudo da Unifesp também aponta que apenas 4% dos porto-alegrenses e curitibanos usam camisinha em todas as relações sexuais, apesar de serem os que mais se preocupam com as DSTs. Os goianos são os que mais usam preservativo sempre (44%).
Uma pesquisa global, também divulgada durante o evento, revelou que 75% dos brasileiros sexualmente ativos já fizeram sexo desprotegidos. Partindo para o lado comportamental, 72% dos jovens no mundo afirmaram que ter um parceiro ou uma parceira que eles amam é o aspecto mais importante a ser considerado no momento do sexo e que a proteção está em segundo lugar (53,5%). Já para os brasileiros, estar com alguém que ama é tão importante quanto estar protegido.
Participaram do encontro na capital paulista a coordenadora do Programa Estadual do Adolescente da Secretaria de Saúde do Estado de SP, a ginecologista e obstreta Albertina Duarte Takiuti; o chefe do Departamento de Ginecologia e coordenador do Pronto-Socorro Ginecológico, o ginecologista e mastologista Afonso Nazário; o ginecologista e obstetra canadense Dustin Costescu; e a sexóloga Laura Muller, além do diretor da Área Farmacêutica da Bayer Brasil, Rubens Weg, e do diretor de Comunicação da empresa, Paulo Pereira.
Todos os especialistas ressaltaram a importância da educação sexual para prevenir a gravidez na adolescência e as DSTs e a grande variedade de métodos contraceptivos disponíveis, alguns desconhecidos por grande parte dos jovens. “A indicação de que 75% dos jovens brasileiros sexualmente ativos já fizeram sexo desprotegidos reforça a necessidade de ampliar o acesso dos jovens a informações essenciais sobre sexo e contracepção”, disse Albertina.
“Essa questão deve ser livre de estigmas, tabus e falsas crenças. Os jovens precisam de honestidade, conversas simples e conselhos sem julgamento moral. Informação é independência e educação empodera os jovens e permite que eles tenham controle da sua própria saúde reprodutiva”, ressaltou Nazário. “A contracepção segura lhe dá o poder para se desenvolver totalmente e viver a sua vida ao máximo”, completou.
“Os bebês são maravilhosos, mas há riscos, principalmente se não forem planejados. A gravidez não é livre de riscos”, declarou Costescu. Ele destacou que no Canadá os métodos mais usados para prevenir a gestação são a camisinha, o coito interrompido e a pílula anticoncepcional.
Laura Muller
A psicóloga, jornalista e educadora sexual do programa “Altas Horas”, da TV Globo, disse que a informação é importante e deve ser repetida. “Educação sexual precisa ser compartilhada em todos os setores. É preciso formar o jovem para que ele tenha senso crítico para fazer escolhas. Isso começa pelos pais”, declarou. “Ir ao médico, escolher o método, se organizar e lembrar de usar o método. Tudo isso é pré-sexo”, sustentou.
Sobre esclarecer dúvidas por meio da internet, ela insistiu na necessidade de buscar uma fonte confiável para a informação. Laura também afirmou, diante das recentes polêmicas sobre o assunto, que homossexualidade não é doença, apenas uma forma de lidar com a sexualidade.
A sexóloga disse que os jovens têm dificuldade de lidar com a ansiedade e as cobranças e acabam indo inseguros para a cama, o que dificulta a prevenção da gravidez e de DSTs. (Marcelo Warth/O Sul)