Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 29 de setembro de 2017
A despersonalização é um transtorno que transforma a realidade de quem a enfrenta no dia a dia. Para Sarah, uma atriz que sofre com o problema, os sentimentos funcionam apenas em teoria. Acredita-se que esse efeito seja um mecanismo de defesa contra traumas, ansiedade ou desencadeado pelo uso de entorpecentes, de acordo com informações da rede britânica BBC.
“Relacionamentos perdem sua qualidade essencial”, explicou Sarah, que preferiu manter seu sobrenome em sigilo. “Você sabe que ama sua família, mas sabe disso apenas em termos acadêmicos, em vez de sentir do jeito normal.”
Estima-se que uma em cada 100 pessoas seja afetada pelo distúrbio, que pode acarretar em surtos. No caso de Sarah, foram três episódios, que chegaram a durar anos. O primeiro aconteceu quando ela ainda estava na universidade sob efeito do estresse. “Era repentino. As coisas pareciam alienígenas ou ameaçadoras”, disse ela.
Durante os episódios crônicos, Sarah também tinha ataques de pânico. “Lugares familiares, como seu próprio apartamento, ficam parecendo sets de filmagem, e as suas coisas se parecem objetos cenográficos”, explicou, ressaltando a característica da condição.
Mundo modificado
Além da sensação de estar dentro de um filme, a o transtorno transforma a experiência da pessoa em algo irreal, modificando a própria percepção do corpo, como se o mundo estivesse achatado. Foi dessa forma que Sarah sentiu o segundo surto. “Eu estava lendo, segurando o livro, e de repente minhas mãos pareciam uma foto de um par de mãos. Eu sentia uma espécie de separação entre o mundo físico e minha percepção sobre ele.”
De acordo com a médica Elaine Hunter, responsável pelo único centro de tratamento para o transtorno no Reino Unido, o problema pode se desenvolver durante a adolescência. Uma de suas pacientes começou a sentir os primeiros sinais quando ainda tinha 13 anos. A adolescente não conseguia reconhecer os próprios pais e tinha muita dificuldade para sair de casa e ataques de pânico diários.
Pouco conhecido
A despersonalização, apesar de ser reconhecido como transtorno há décadas, ainda não é amplamente conhecida pela comunidade médica. Segundo os especialistas, a condição tem incidência próxima ao TOC (transtorno obsessivo-compulsivo) e à esquizofrenia. “Passei por até 20 especialistas, entre enfermeiras psiquiátricas, clínicos gerais, terapeutas e orientadores psicológicos, que não sabiam do que eu estava falando”, confessou Sarah.
Síndrome do pânico
Recentemente o padre Fábio de Melo fez um desabafo eu seu perfil no Instagram a respeito de seu diagnóstico de síndrome do pânico. Entre os sintomas relatados por ele, estavam “sensação de morte, tristeza profunda e medo de tudo”. O distúrbio, cuja nomenclatura oficial na psiquiatria é transtorno de pânico, é caracterizado por ataques de pânico inesperados e recorrentes e pela preocupação excessiva com as próximas crises.