Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 29 de setembro de 2017
Menos de uma semana depois de a Arábia Saudita anunciar que as mulheres do país poderão dirigir um automóvel, as montadoras já publicaram anúncios nas redes sociais com foco nas futuras motoristas, mesmo que a liberação só ocorra a partir de junho de 2018.
Comprar um carro, porém, ainda pode ser uma barreira para as sauditas, uma vez que o sistema de “guarda masculina” faz com que os homens controlem a vida das mulheres.
É provável que elas precisem da permissão do pai, marido, irmão ou filho para comprar um automóvel, assim como ainda precisam de autorização para alugar um apartamento, trabalhar ou abrir uma conta bancária.
“Se você não tem crédito, se você não tem dinheiro, seu guardião masculino será quem vai decidir se você compra um carro ou não”, disse à Associated Press Rebecca Lindland, analista da Cox Automotive nos Estados Unidos.
Apesar disso, marcas como Volkswagen, Ford, Nissan, Land Rover, Cadillac e Kia lançaram novos anúncios nas redes sociais em uma tentativa de ser o primeiro a entrar nesse “novo mercado”.
It's your turn, take over the driver's seat.#SaudiWomenDriving #SaudiWomenCanDrive pic.twitter.com/Hlw3Gnc7fW
— Volkswagen ME (@VWMiddleEast) September 27, 2017
“É a sua vez, pegue o lugar do motorista”, diz o anúncio da Volks.
Show them what it means to drive the world forward, #DareGreatly #SaudiWomenCanDrive ?? pic.twitter.com/y5mbYUpVnK
— Cadillac Arabia (@CadillacArabia) September 27, 2017
“Mostre a eles o que significa dirigir o mundo para o futuro”, propõe o anúncio da Cadillac.
حماس القيادة بانتظاركِ. #السماح_بقيادة_المرأة_للسيارة pic.twitter.com/ZY2SXcOl6Z
— Land Rover MENA (@LandRoverMENA) September 27, 2017
مستقبلك بين يديكِ #وشلون_سيارتك_اللي_بتشترين #السماح_للمرأة_بالقيادة pic.twitter.com/xlkZXB4cnB
— Kia Aljabr كيا الجبر (@aljabr_kia) September 28, 2017
نفخر بمشاركة أخواتنا في المملكة العربية السعودية فرحتهن، جعلهنّ الله خير عون لأبناء الوطن على رفعته. #إنتي_قدها pic.twitter.com/J6GVJ64gg3
— Ford Middle East (@FordMiddleEast) September 27, 2017
نُبارك للمرأة السعودية السماح لها بالقيادة ?
#لسماح_للمراه_بالقياده pic.twitter.com/vMeObp96qB— Nissan Saudi Arabia (@nissansaudi) September 26, 2017
Economia
Além do aspecto relacionado à reputação internacional, o reino considerou outros fatores ao formalizar a liberação, por meio de decreto, transmitida ao vivo na televisão estatal simultaneamente em um evento em Washington. Os sauditas esperam que a nova regra ajude no crescimento das mulheres na economia. Muitas mulheres sauditas gastavam uma significativa parte dos seus salários pagando motoristas ou dependendo de seus maridos para ir ao trabalho.
A Arábia Saudita é um dos lugares mais sagrados do islã e possui uma monarquia que segue as leis da Shariah. Clérigos e oficiais sauditas passaram anos justificando e explicando a restrição. Alguns diziam que era inapropriado para a cultura local que as mulheres dirigissem, que os homens motoristas não saberiam como lidar com mulheres dirigindo ao lado deles. Outros argumentavam que permitir que as mulheres dirigissem levariam à promiscuidade e ao colapso da família saudita. Houve até quem afirmasse que dirigir prejudicaria os ovários.
Ativistas realizaram diversas campanhas ao longo dos anos para acabar com a proibição e diversas mulheres foram detidas e presas por desafiar a proibição. Em 2014 uma mulher foi presa após tentar cruzar a fronteira e ficou 73 dias presa.
O sistema de “guarda masculina” faz com que mulheres não possam viajar, trabalhar ou se submeter a procedimentos médicos sem o consentimento de um homem “guardião” – em geral o pai, o marido ou mesmo um filho. Por isso este está sendo considerado um importante avanço, ou ao menos uma freada nas grandes limitações no direito de ir e vir das mulheres e filhas sauditas. As autoridades dizem acreditar que a sociedade local está preparada para esta mudança e que não deverá haver reversão.