Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 29 de setembro de 2017
A demissão de Emily Lima abriu uma crise na seleção brasileira feminina. Três jogadoras anunciaram que não vestirão mais a camisa da equipe e outras prometem seguir o exemplo. Além de prestar solidariedade à treinadora, as atletas apontam falta de amparo e de planejamento da CBF e até apadrinhamento em antigas convocações.
A treinadora caiu após duas derrotas em amistosos realizados na Austrália. Ao todo, Emily Lima comandou o Brasil em 13 jogos, com sete vitórias, um empate e cinco derrotas. Em dez meses de trabalho, teve um aproveitamento de 56,4%.
Emily foi a primeira mulher a assumir a seleção feminina. Ela foi anunciada no fim do ano passado após a demissão de Vadão, que retorna ao cargo agora. A queda começou a ganhar força quando a seleção ainda estava em solo australiano, o que fez o elenco escrever uma carta ao presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, pedindo a permanência de Emily. Em vão.
A demissão rendeu muitas críticas de torcedores nas redes sociais e algumas atletas também decidiram protestar, anunciando publicamente que não jogarão mais pelo Brasil.
Cristiane, uma das principais jogadoras do time, foi a primeira. “É a decisão mais difícil que tomei na minha vida profissional até hoje”, declarou, em vídeo publicado no Instagram. “Mas eu não vejo outra alternativa, por todos os acontecimentos e por coisas que já não tenho forças para aguentar.”
O exemplo de Cristiane foi seguido ontem por outras duas jogadoras. A meio-campista Fran foi direta. Afirmou que não vestirá mais a camisa da seleção pelo fato de a “comissão técnica ter sido despedida da forma que foi” e por Vadão ter sido recontratado. “Tudo que passei na (seleção) permanente, todo esforço que dei… e chegando na hora H não foi o suficiente. Eles acabaram levando meninas lesionadas para o Mundial, meninas que estavam sem treinar, meninas levadas só por amizade, porque não chegaram nem a utilizar. Isso para mim foi demais.”
A lateral Rosana, que tem 18 anos de seleção, também decidiu deixar a equipe: “Sinto que as atletas não têm voz, e querer expor um ponto de vista mexe com a vaidade e ego de muitos”.
A CBF reagiu à renúncia das atletas de maneira formal. “A Confederação Brasileira de Futebol entende que a decisão de algumas jogadoras em não atuar mais pela seleção brasileira feminina é uma questão de ordem pessoal e que deve ser respeitada. A entidade agradece a todas pelos serviços prestados à equipe nacional’’, disse a entidade, por meio de nota.
Apontando como responsável pela saída da técnica, o coordenador da seleção feminina, Marco Aurélio Cunha, explicou que a queda passou por desempenho e conduta. “A troca sempre é dura, triste e incomoda muita gente, mas essa foi uma decisão da CBF em função dos últimos resultados. Ela tem toda capacidade e mérito, talvez só falte um pouco de maturidade”, disse à Fox Sports. Pouco depois, completou: “Não há ninguém que possa dizer que eu desrespeitei qualquer atleta”.
Foi a sétima demissão de treinador desde que Del Nero assumiu a CBF, em abril de 2015. Alexandre Gallo (sub-20), Caio Zanardi (sub-17), Cláudio Caçapa (sub-15) foram os primeiros. Dunga caiu após o vexame da seleção na Copa América Centenário. Vadão, após não levar a seleção feminina ao pódio na Olimpíada, e Rogério Micale, depois do fracasso da sub-20 no Sul-Americano foram os outros.