Segunda-feira, 13 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 2 de outubro de 2017
O juiz federal Sérgio Moro determinou que o Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, informe se o advogado Roberto Teixeira, compadre do ex-presidente Lula, e o contador João Muniz Leite estiveram no local. A decisão atende a pedido da defesa do engenheiro Glaucos da Costamarques que havia pedido que o magistrado intimasse o hospital para que entregasse os registros de visitas, a fim de comprovar que Teixeira esteve no local enquanto ele estava internado.
O motivo da visita teria sido a negociação para que, a partir daquele momento, em novembro de 2015, ele passaria a receber pelo aluguel , para me falando: ‘olha, nós vamos pagar. De hoje em diante, nós vamos pagar o aluguel de um apartamento, usado pela família de Lula.
“Oficie-se à Direção do Hospital Sírio Libanês em São Paulo solicitando informação se Glaucos da Costamarques esteve internado no respeitável Hospital em novembro e dezembro de 2015 e, se positivo, o período específico, informação se o Hospital Sírio Libanês mantém registro dos visitantes no estabelecimento e, se positivo, para que seja enviada cópia dos registros dos visitantes a Glaucos da Costamarques no referido período de internamento”, ordenou Moro. “E ainda se positivo, se constam no período de internação de Glaucos da Costamarques registros de visitas ao respeitável Hospital de Roberto Teixeira, ou de João M. Leite (aparentemente João Muniz Leite) e, se positivo, para que seja enviada cópia dos registros de suas visitas.
Primo de José Carlos Bumlai, amigo de Lula, Glaucos é apontado como ‘laranja’ do petista no suposto recebimento de imóveis pela Odebrecht como forma de propinas.
Para a força-tarefa da Operação Lava-Jato, a Odebrecht custeou a compra do apartamento, em nome de Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente. Na mesma ação, ele responde por também ter supostamente recebido da empreiteira terreno onde seria sediado o Instituto Lula, no valor de R$ 12,5 milhões.
R$ 75 milhões em oito contratos
A denúncia da Procuradoria da República sobre o apartamento 121, no edifício Hill House – vizinho à residência de Lula, em São Bernardo do Campo – ainda aponta que propinas pagas pela Odebrecht, no esquema que seria liderado pelo ex-presidente, chegaram a R$ 75 milhões em oito contratos com a Petrobras.
A equipe da Lava-Jato afirma que não houve pagamento de aluguel entre fevereiro de 2011 e pelo menos novembro de 2015.
Em 25 de setembro, a defesa do ex-presidente apresentou documentos que contestam a versão dos procuradores. Os comprovantes apresentados referem-se ao período de agosto de 2011 a novembro de 2015. Duas notas têm datas que não existem no calendário: 31 de junho e 31 de novembro.
Em 6 de setembro, Glaucos afirmou em interrogatório perante o juiz federal Sérgio Moro que não recebeu alugueis pelo apartamento 121, mas que declarou à Receita que houve pagamento. “Não recebi”, disse taxativamente.
A Moro, o engenheiro afirmou que passou a receber o aluguel em 2015.
“O Roberto Teixeira esteve lá no hospital me falando: ‘olha, nós vamos pagar. De hoje em diante, nós vamos pagar o aluguel pra você’. Começaram a pagar. Começaram a pagar com um depósito na conta que eu passei, depósito no Santander. Mas não identificado. Eu acho que eles depositavam naqueles envelopes e aquele envelope tem um limite pra depósito. Acho que eles faziam em três. Então, aparecia lá, era, vamos supor, três mil, vamos por, não lembro quanto era o aluguel naquela época, três mil e trezentos, vamos supor. Eles punham um envelope de dois, um de mil e outro de oitocentos”, narrou.