Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de outubro de 2017
Cerca de 450 mil independentistas liderados pelo governador da Catalunha, Carles Puigdemont, foram às ruas de Barcelona neste sábado (21) aos gritos de “liberdade” e “independência”, depois que o governo central anunciou a intervenção no governo regional.
A polícia local de Barcelona, a Guarda Urbana, estimou em 450 mil manifestantes, mais que o dobro no último protesto independentista, na terça-feira.
O protesto foi organizado com o lema: “Em defesa dos direitos e das liberdades”. A manifestação já tinha sido convocada há alguns dias para exigir a liberdade de dois líderes de entidades sociais independentistas que foram detidos.
Os dois foram presos provisoriamente por ordem da Audiência Nacional da Espanha acusados do crime de “insurreição” por promover o assédio à Guarda Civil em Barcelona quando os agentes federais faziam uma operação em uma sede do governo regional em setembro.
O vice-presidente regional da Catalunha, Oriol Junqueras, pediu que a população participe do protesto. Para ele, os cidadãos devem proteger a Catalunha do totalitarismo.
Golpe
A presidente do Parlamento catalão, Carme Forcadell, acusou neste sábado (21) o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, de querer promover um “golpe de Estado de fato” contra a Catalunha, informa a imprensa local. Em discurso transmitido pela TV, ela falou ainda em “ataque à democracia”.
O pronunciamento foi feito depois de o Conselho de Ministros da Espanha tomar a decisão de assumir o controle da Catalunha e destituir o presidente regional, Carles Puigdemont, além de todos os seus conselheiros, em aplicação do artigo 155 da Constituição.
O governo também anunciou que fará eleições regionais na Cataluna em um prazo de seis meses. Essas medidas ainda precisam de aprovação do Senado. O presidente catalão anunciou que faria um pronunciamento oficial.
Em discurso transmitido pela TV, Carme Forcadell disse que “o primeiro-ministro Rajoy quer que o parlamento da Catalunha deixe e ser um parlamento democrático, e nós não vamos permitir que isso aconteça”.
“É por sso que queremos enviar aos cidadãos deste país uma mensagem de firmeza e esperança. Nos comprometemos hoje, após o mais grave ataque contra as instituições catalãs desde a restauração, a defender a soberania do parlamento da Catalunha.”
O Senado precisa criar uma comissão para debater as medidas, que nunca foram aplicadas anteriormente. Segundo uma porta-voz da Casa Legislativa, a comissão provavelmente se reunirá no dia 23 de outubro.
Em seguida, o líder da Catalunha, Carles Puigdemont, terá uma oportunidade de responder. O Senado inteiro, onde o governista Partido Popular (PP) tem maioria, votaria sobre as medidas no dia 27 de outubro.
Madri vai aplicar o artigo 155 da Constituição depois do prazo dado para que o presidente do governo regional da Catalunha, Carles Puigdemont, esclarecesse se realmente declarou a independência da região durante a sessão plenária, no último dia 10.
Em sua carta enviada ao governo central, o líder catalão pede um diálogo para a opção de renunciar essa declaração de independência que, afirma ele, o parlamento regional não votou no dia 10. Puigdemont alerta, no entanto, que se a Espanha persistir em impedir o diálogo, o Parlamento poderá proceder a votação da declaração formal de independência.
A ativação do artigo 155 representa um movimento sem precedentes desde que a Espanha retomou a democracia, na década de 1970. Se a medida prosperar, a suspensão da autonomia não é automática, pois depende da aprovação do Parlamento, o que pode acontecer até o fim da próxima semana.